O fiasco dos barulhentos
O sossego ainda não voltou à mona de todos os grandes animadores da campanha eleitoral que culminou nas eleições de domingo. É muito provável que nem chegue mesmo a regressar, nem mais cedo, nem mais tarde. Porque esses grandes animadores, barulhentos, mal criados, arrogantes, quase inteligentes, não conseguem aprender nada com os erros que cometem.
Julgaram eles que massacrando a opinião pública com as suas delirantes invenções de super sumos em honestidade contra a corrupção, em democratas contra tiranos, em bons chefes de família contra devassos familiares, exemplos de vida limpa, irrepreensível e legal, contra marginais incompetentes, violadores de todos os direitos alheios, julgaram eles que o poder estava já a cair-lhes nas mãos, de tão podre que o quiseram fazer.
Tais erros de avaliação, tal cegueira na crucificação dos seus inimigos, tal impaciência pelo adiamento sucessivo da chegada do dia de todas as suas ilusões e dos seus frustrados desejos, só poderiam ter o desfecho que veio a cair-lhes em cima como um balde de gelo. Reconheceram que as estratégias alheias superaram as suas. Mas ninguém assumiu culpas pelas falhas dessas estratégias. Ninguém prometeu retificar o que lhes correu mal. Nem ninguém referiu concretamente quais os erros cometidos.
Aquilo que esses erros não motivaram foi mudanças na limpeza das suas mentes sujas. A troca dos insultos pessoais e os casos mais escabrosos, por projetos de interesse nacional, ações tendentes a melhorar a vida dos mais necessitados em lugar de fazer exigências a fazer crescer cada vez mais o fosso entre os pobres e os outros, ainda que egoisticamente imorais e socialmente inaceitáveis.
Por tudo isso, os insaciáveis derrotados vão continuar a berrar pelo seu leitinho, jurando amor àqueles pelos quais não fazem, nem nunca fizeram nada. Também nunca o farão amanhã. Eles protegem, quando não representam, aquela parte da sociedade que vive da malandrice, da vigarice, que detesta tudo o que seja ordem e confiança nas instituições, desde que estas não sejam ocupadas por eles, dominadas por eles a seu belo prazer e na justa medida dos seus insondáveis interesses.