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afonsonunes

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O sossego ainda não voltou à mona de todos os grandes animadores da campanha eleitoral que culminou nas eleições de domingo. É muito provável que nem chegue mesmo a regressar, nem mais cedo, nem mais tarde. Porque esses grandes animadores, barulhentos, mal criados, arrogantes, quase inteligentes, não conseguem aprender nada com os erros que cometem.

Julgaram eles que massacrando a opinião pública com as suas delirantes invenções de super sumos em honestidade contra a corrupção, em democratas contra tiranos, em bons chefes de família contra devassos familiares, exemplos de vida limpa, irrepreensível e legal, contra marginais incompetentes, violadores de todos os direitos alheios, julgaram eles que o poder estava já a cair-lhes nas mãos, de tão podre que o quiseram fazer.

Tais erros de avaliação, tal cegueira na crucificação dos seus inimigos, tal impaciência pelo adiamento sucessivo da chegada do dia de todas as suas ilusões e dos seus frustrados desejos, só poderiam ter o desfecho que veio a cair-lhes em cima como um balde de gelo. Reconheceram que as estratégias alheias superaram as suas. Mas ninguém assumiu culpas pelas falhas dessas estratégias. Ninguém prometeu retificar o que lhes correu mal. Nem ninguém referiu concretamente quais os erros cometidos.

Aquilo que esses erros não motivaram foi mudanças na limpeza das suas mentes sujas. A troca dos insultos pessoais e os casos mais escabrosos, por projetos de interesse nacional, ações tendentes a melhorar a vida dos mais necessitados em lugar de fazer exigências a fazer crescer cada vez mais o fosso entre os pobres e os outros, ainda que egoisticamente imorais e socialmente inaceitáveis.

Por tudo isso, os insaciáveis derrotados vão continuar a berrar pelo seu leitinho, jurando amor àqueles pelos quais não fazem, nem nunca fizeram nada. Também nunca o farão amanhã. Eles protegem, quando não representam, aquela parte da sociedade que vive da malandrice, da vigarice, que detesta tudo o que seja ordem e confiança nas instituições, desde que estas não sejam ocupadas por eles, dominadas por eles a seu belo prazer e na justa medida dos seus insondáveis interesses.

08 Mai, 2019

...nando Nogeira

 

Li hoje um texto, já não sei onde, de um articulista de que não me lembro do nome, onde o elogio a um pobre diabo que não exerce a sua atividade de origem, mas pela qual recebe salário há cerca de vinte anos, me parece tão justificado e louvável, como a lógica e a seriedade da atividade desse mesmo articulista louvador.

Certamente que ambos devem ser avaliados profissionalmente por alguém que os manda dizer o que dizem e fazer o que fazem. Certamente que, o que dizem e fazem, é exatamente, aquilo que lhes mandam dizer e fazer.

Para o caso ser, Nogeira ou ser Ferreiro, acaba por ser tudo igual ao litro, pois um e o outro vivem da falta de decoro naquilo que dizem e fazem, ambos julgando estar a prestar um grande serviço a quem os segue. Ambos vivem dos elogios próprios e dos insultos a quem não tem nada que se compare com os desmandos profissionais dos seus detratores.

Ambos, elogiador e elogiado, se inserem numa determinada classe de profissionais do insulto, hoje mais ou menos vulgar em sindicalistas, jornalistas, políticos, comentadores e outras atividades que se relacionam com a comunicação, informação e relacionamento dentro da sociedade. Insultar, tornou-se um meio legal de ganhar a vida, um modo impune de estragar a vida a muita gente séria.

É espantoso como se conseguem apresentar de cara lavada perante tantos cidadãos que, de boa-fé, querem acreditar no que ouvem ou veem fazer, mas não podem deixar de ficar de boca aberta quando se deparam com duas versões completamente opostas de um facto que não comporta a mentira descarada de uma dessas versões.

Obviamente que muitas vezes nem todos os cidadãos têm cultura, conhecimentos ou preparação para saber separar a verdade da mentira. E não há nada pior que ficar no ar a dúvida de qual desses profissionais é sério e qual deles é um burlão que vive precisamente à custa de quem é enganado, por quem se especializou em vender banha da cobra.

O país está cheio de Nogeiras e Ferreiros que são capazes de elogiar o mais refinado dos vigaristas, só porque ele insulta maravilhosamente quem lhe interessa que seja insultado. Como se isso fosse uma virtude que lhe dá um currículo de profissional impecável quiçá, o melhor e o mais apetecível currículo para ter avaliações de desempenho que lhe melhoram de ano para ano a sua nojenta e inútil atividade fora de uma carreira que, em alguns casos, já esqueceram há muitos anos.