O avô jerolme e a cangalhada
Quando eu ainda era pequenino era frequente ouvir as pessoas menos instruídas chamar Jerolme aos homens batizados com o nome de Jerónimo.
Nos tempos de criança de Jerónimo de Sousa a instrução faltava a muita gente das nossas aldeias. Daí que os hábitos de linguagem fossem muito diferentes dos atuais.
No avô Jerolme vejo hoje uma pessoa por vezes simpática, por vezes com a imagem adulterada de uma pessoa tão simples que seria capaz de chamar Jerolme a si próprio.
Nada de desprestigiante, obviamente. Porém, tendo em conta o lugar que ocupa no seu partido, não me parece razoável que venha dizer que o seu camarada (Paulo Sá?) foi o corretor dos orçamentos de Mário Centeno.
Logo, as contas certas que o ministro conseguiu ao longo de quatro anos, devem-se exatamente às correções dos erros que apresentavam na sua fase de elaboração.
Pode pois deduzir-se que todas as críticas que o avô Jerolme foi fazendo nesses quatro anos, aos orçamentos (de direita) do governo PS, foram simplesmente injustas e erradas, pois o PCP apenas se autocriticou durante esses últimos quatro anos.
Obviamente que o avô Jerolme nem pode admitir que o PS tenha maioria absoluta em Outubro, mas vai dizendo que essa possibilidade é bem real. Assim, o país teria tudo a ganhar se o avô continuasse a ter o seu revisor de contas no futuro governo.
Mudando de assunto.
A comadre Cristas revelou ontem na TVI as suas novidades fresquinhas sobre como vão decorrer as eleições em Outubro.
Sinceramente, achei um pouco exagerado o tom avermelhado do seu visual. Obviamente que tem todo o direito de escolher o modo como se apresenta nos momentos gritantes das suas intervenções. Mas também eu posso estranhar que o seu azul e amarelo estejam a ser menorizados nesses atos quase solenes.
No caso, talvez o tom alaranjado lhe tenha parecido inoportuno, devido às inundações e trovoadas que acabam por dar a sensação ilusória de um Rio cada vez mais seco. Deixando mesmo a sensação de que o Rio possa vir a ser um pequeno Ribeiro, ou mesmo um Riacho de areais do deserto.
Cristas, prevendo no seu preclaro horizonte politiqueiro, o fim da geringonça, apressa-se a criar já a futura cangalhada de direita. Sim, pois, cangalhada sempre soa melhor que geringonça. O compadre Portas é que não vai gostar de se desperdiçar mais uma das suas criações políticas em parceria com o genial Pulido.
E que essa invenção soberba venha a ser formada segundo o desejo de Cristas, ou muito semelhante. Nessa cangalhada pode entrar tudo, ainda que venha da geringonça em vias de extinção.
Não podia deixar de ser: como supervisor de toda a cangalhada, vindo expressamente de Bruxelas, onde se pode constatar que o seu currículo regista que até já colaborou com a competentíssima e elogiada nova comissária Elisa, Nuno Melro, quase tão competente como a mentora e sua superiora Cristas, será a cereja no cimo do bolo, dessa grande, talentosa e ganhadora cangalhada.
No entanto, vou lembrando que a cangalhada vai necessitar do revisor de contas do avô Jerolme e da diretora de mass media, a mana Catarina. É certo que não pode lá faltar o Santana, para garantir a liberdade perdida em fins de 2015.
Mas não é tudo, pois ainda falta ali muita gente talentosa para se constituir uma cangalhada perfeita. Por exemplo, o mau-mau Màrinho e o seu adjunto motorista sem carta de pesados perigosos. Ou o André Pampum para levar por diante o projeto do SNS para gatos, cães, cobras e lagartos. Águias e dragões é que não… Mas que terá tudo o que falta no SNS para pessoas. Por exemplo a bastonadas da enfermaria.
Bom, é melhor parar por aqui, senão ainda acabo por ser convidado de honra dessa maravilhosa cangalhada…