Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

afonsonunes

afonsonunes

Quando eu ainda era pequenino era frequente ouvir as pessoas menos instruídas chamar Jerolme aos homens batizados com o nome de Jerónimo.

Nos tempos de criança de Jerónimo de Sousa a instrução faltava a muita gente das nossas aldeias. Daí que os hábitos de linguagem fossem muito diferentes dos atuais.

No avô Jerolme vejo hoje uma pessoa por vezes simpática, por vezes com a imagem adulterada de uma pessoa tão simples que seria capaz de chamar Jerolme a si próprio.

Nada de desprestigiante, obviamente. Porém, tendo em conta o lugar que ocupa no seu partido, não me parece razoável que venha dizer que o seu camarada (Paulo Sá?) foi o corretor dos orçamentos de Mário Centeno.

Logo, as contas certas que o ministro conseguiu ao longo de quatro anos, devem-se exatamente às correções dos erros que apresentavam na sua fase de elaboração.

Pode pois deduzir-se que todas as críticas que o avô Jerolme foi fazendo nesses quatro anos, aos orçamentos (de direita) do governo PS, foram simplesmente injustas e erradas, pois o PCP apenas se autocriticou durante esses últimos quatro anos.

Obviamente que o avô Jerolme nem pode admitir que o PS tenha maioria absoluta em Outubro, mas vai dizendo que essa possibilidade é bem real. Assim, o país teria tudo a ganhar se o avô continuasse a ter o seu revisor de contas no futuro governo.

Mudando de assunto.

A comadre Cristas revelou ontem na TVI as suas novidades fresquinhas sobre como vão decorrer as eleições em Outubro.

Sinceramente, achei um pouco exagerado o tom avermelhado do seu visual. Obviamente que tem todo o direito de escolher o modo como se apresenta nos momentos gritantes das suas intervenções. Mas também eu posso estranhar que o seu azul e amarelo estejam a ser menorizados nesses atos quase solenes.

No caso, talvez o tom alaranjado lhe tenha parecido inoportuno, devido às inundações e trovoadas que acabam por dar a sensação ilusória de um Rio cada vez mais seco. Deixando mesmo a sensação de que o Rio possa vir a ser um pequeno Ribeiro, ou mesmo um Riacho de areais do deserto.

Cristas, prevendo no seu preclaro horizonte politiqueiro, o fim da geringonça, apressa-se a criar já a futura cangalhada de direita. Sim, pois, cangalhada sempre soa melhor que geringonça. O compadre Portas é que não vai gostar de se desperdiçar mais uma das suas criações políticas em parceria com o genial Pulido.

E que essa invenção soberba venha a ser formada segundo o desejo de Cristas, ou muito semelhante. Nessa cangalhada pode entrar tudo, ainda que venha da geringonça em vias de extinção.

Não podia deixar de ser: como supervisor de toda a cangalhada, vindo expressamente de Bruxelas, onde se pode constatar que o seu currículo regista que até já colaborou com a competentíssima e elogiada nova comissária Elisa, Nuno Melro, quase tão competente como a mentora e sua superiora Cristas, será a cereja no cimo do bolo, dessa grande, talentosa e ganhadora cangalhada.

No entanto, vou lembrando que a cangalhada vai necessitar do revisor de contas do avô Jerolme e da diretora de mass media, a mana Catarina. É certo que não pode lá faltar o Santana, para garantir a liberdade perdida em fins de 2015.

Mas não é tudo, pois ainda falta ali muita gente talentosa para se constituir uma cangalhada perfeita. Por exemplo, o mau-mau Màrinho e o seu adjunto motorista sem carta de pesados perigosos. Ou o André Pampum para levar por diante o projeto do SNS para gatos, cães, cobras e lagartos. Águias e dragões é que não… Mas que terá tudo o que falta no SNS para pessoas. Por exemplo a bastonadas da enfermaria.

Bom, é melhor parar por aqui, senão ainda acabo por ser convidado de honra dessa maravilhosa cangalhada…

Amiguinhos, se vos quereis salvar, dai à bomba… Em boa verdade, os amiguinhos das bombas de combustíveis secas, bem que gostariam que o país já estivesse parado em grandes filas de carros que ali chegaram com muito custo, graças ao esforço hercúleo de condutores musculados que conseguiram empurrá-los até ali.

Obviamente que eles não tinham sede de combustíveis. Tinham sede, e muita, de verem ‘bichas’ de gente revoltada, não a lançar bombas, daquelas que fazem pum, claro, mas com vontade de queimar todos aqueles que lhes contrariassem o gozo de ver gente desesperada perante problemas de arrepelar os cabelos por não conseguirem resolvê-los.

De repente começaram a aparecer os amiguinhos dos causadores desta eminente tragédia, mostrando o seu repúdio por aqueles que logo se aperceberam que algo de muito grave podia acontecer se consentissem que a ameaça de parar o país fosse por diante. Tudo em nome de uma solidariedade criminosa e contra necessidades e direitos básicos dos portugueses em geral.

Ninguém tem o direito de parar o país, pois parar o país é atentar contra a vida de pessoas, contra gente que tem de trabalhar, que tem de se curar, que tem de ajudar quem precisa, que tem de viver, por muito que se valorizem direitos e solidariedades que têm travões legais à tentação de os sobrepor ao funcionamento do país no seu todo.

Quando se pretende tornar coitadinhos certos arautos de direitos sem limites, é evidente que se está a praticar um ataque aos cidadãos que têm de estar defendidos de todos os radicais que só veem a sua obsessão por fazer bem a quem só está a praticar o mal. Todos os direitos e seus atropelos têm resolução através de vias legais, no tempo próprio e em lugares próprios.

Entendem todos esses coitadinhos que se consideram vítimas de abusos de quem tem a obrigação de pôr ordem na desordem, que o diálogo é a aceitação pura e dura dos seus desejos, dos seus excessos de linguagem e dos seus procedimentos nitidamente condenáveis. Em contrapartida, tudo tem de lhes ser permitido, ainda que ilegal, imoral e atentatório da dignidade e da honra de quem cumpre simplesmente o seu dever.

Três nomes, três casos de personagens carregados de simbolismos causadores de fortes receios de que os cidadãos dos seus países não podem dormir descansados face ao que lhes pode acontecer da noite para o dia, como já aconteceu a outros cidadãos, que não são uns cidadãos quaisquer.

Normalmente, cidadãos com muito poder mas que não conseguiram resistir ao poder, considerado diabólico por gente entendida, receosa do que lhe possa sair em sorte e, mesmo assim, não deixou de se pronunciar pela injustiça das decisões dos três personagens temidos nos seus países pelo abuso e discriminação das suas altas funções.

Baltasar, forte e dominador durante muitos anos, crítico de Sérgio a quem acusou de perseguição implacável a um grande vulto de nível mundial, foi ele mesmo ganhando a fama de ser implacável para com grandes figuras do passado no seu país. Baltasar não resistiu ao tempo de um procedimento continuado em que se julgou acima de tudo e de todos julgando a sua impunidade inatacável para sempre. Acabou vitimado pela sua ousadia e convencimento de que o seu poder era eterno.

Sérgio, teve muito de semelhante a Baltazar. Mas mais ainda o facto de subverter acontecimentos por forma a beneficiar os seus interesses e ganhar apoios estranhos para a credibilidade das suas decisões. Com esses benefícios acabou com um regime, tendo em vista a sua ascensão a níveis mais elevados do poder no seu país. Corre agora o risco de ver a sua conduta desmoronar as suas aspirações, face a denúncias que podem acabar-lhe com todas as ilusões.

Carlos, por muitos considerado um dos homens mais poderosos e temidos do seu país, foi e ainda é, considerado um génio de operações especiais, conhecidas como batalhas sempre ganhas, fosse contra quem fosse, sempre com o cunho de lutas imparáveis contra o mal, embora fosse mais a fama que o sucesso real conseguido. No seu meio foi rei e senhor, seguido religiosamente pelos seus pares, até que passou a ter concorrência inesperada. Confiou demais na sua superioridade e agora, pode ter-se iniciado o ciclo de perda de poder, de perda de apoios generalizados, a descoberta de pontos fracos no sistema e o esvaziar do balão que sofre uma picadela.

Obviamente que um sistema não cai de um dia para o outro, nem um ídolo é sacrificado do dia para a noite. Tudo tem o seu tempo, porque o tempo tudo dá e tudo leva, mesmo quando o sistema está bem alicerçado com colunas humanas como se de betão se tratasse. Porém, até o betão cria fissuras por onde entra a humidade que destrói estruturas pensadas para durar eternamente.