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afonsonunes

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A geringonça está em coma induzido com prognóstico muito reservado. Há mesmo quem afirme que tem os dias contados. Quem afirma tal, devia pedir opinião aos criadores de tal espantalho, que nasceu para viver e não para morrer, por ordem de um conjunto de poucochinhos.

A geringonça foi criada por Vasco Pulido Valente numa longa noite e adotada por Paulo Portas, num momento de escárnio, que lhe deu o empurrão decisivo para o mundo mediático. É pois uma obra de dois artistas que se especializaram em ciências da maledicência nacional e que acabaram por mostrar ao país que os génios do mal também podem, sem querer, ser reveladores de grandes sucessos.

A geringonça acaba de ser avaliada pelos portugueses em eleições legislativas e os resultados são conhecidos, como são conhecidos os ‘poucochinhos’. São poucochinhos em quantidade, são poucochinhos em qualidade humorística e são agora poucochinhos para alimentar a esperança de substituir a geringonça por uma cangalhada que eles tanto têm tentado movimentar e reparar, quando a quiseram impor aos portugueses como um invento das mil e uma noites de génios.

Todavia, alguns dos poucochinhos andam agora metidos em guerras intestinas com vários iluminados, disputando uma claridade que vislumbram no horizonte das suas sedes de poder, convencidos de que o obscurantismo de quem os ouve vai durar para sempre. Mas colocam sempre na sua distorcida mira, não o progresso do país que tanto propalam, mas uma procura incessante de casos e calúnias, que mais os condenarão ao esquecimento dos eleitores.

Bem podem estar orgulhosos da sua criatividade embora o país os vá colocando na prateleira dos saudosos inválidos que ainda podem vir a servir de raridades museológicas em ocasiões de revisitar as mudanças a que o país vai assistindo.      

A geringonça pode não estar tão defunta, ou mesmo simplesmente moribunda, pelo evidente motivo de que fora dela, nos tempos mais próximos, a possibilidade de sucessos políticos é muito escassa. Os poucochinhos, ainda que consigam reagrupar-se, nomeadamente com a adesão dos novos sonhadores e novos ilusionistas, vão fatalmente juntar-se aos mais frustrados recentes vendedores de ilusões.

06 Out, 2019

Falta pouco

Falta pouco tempo para que toda esta revoada de tentativas para adulterar o resultado das legislativas se vá pelo cano abaixo. Daqui por poucas horas se saberá quem foi beneficiado ou prejudicado por sucessivas campanhas de tramoias inventadas e espalhadas ao vento.

No nosso país já não há campanha eleitoral. Há uma campanha permanente que começa logo no dia seguinte e dura os quatro anos seguintes, no caso das legislativas. Sempre sem respeito por ninguém, mas particularmente violenta verbalmente, próximo do ato eleitoral.

Curiosamente no ato que hoje está a decidir-se todos, uns mais outros menos, se atiram cegamente ao candidato que as sondagens dão como provável vencedor. Já não há aquela luta cerrada entre uns e outros, mas uma guerra doentia entre todos contra um. O que está no poder.

Até há poucos dias não havia dúvidas de que o vencedor seria esse mesmo, o que está no poder. Faltava saber se, com maioria absoluta, ou com maioria simples. O PS parecia até que tanto lhe fazia. O PSD estava conformado com a distância record que o separava do primeiro.

O Bloco e o PCP sempre estiveram e estão ainda agora, apenas preocupados com a possibilidade de se verificar uma maioria absoluta do PS. Quanto ao CDS, particularmente obsessivo em atacar impiedosa e malevolamente o chefe do governo, parece estar à beira do colapso.

Hoje, à beira do esclarecimento final, o PSD alimenta ainda uns resquícios de esperança de alcançar a vitória com a ajuda de uma comunicação social manifestamente favorável, alimentando casos e mais casos sempre tentando denegrir o PS e sobretudo o governo em funções.

Parece também haver motivos para que uma boa parte dos portugueses admitam uma ajuda da justiça, na maneira como organiza o seu calendário de revelações sobre processos pendentes, nos quais também há quem vislumbre uma mãozinha a desequilibrar os pratos da balança.

A espectativa é grande mas o tempo corre e a espera definitiva pelos resultados cresce com o aproximar das vinte horas, a partir das quais começará a desenhar-se o puzzle final. E será um mar de ilusões que se tornam realidades ou o ruir de tantas esperanças que morrem hoje.