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afonsonunes

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29 Nov, 2019

Ordens e desordens

Antes de mais, parece-me que devia ficar bem claro, quem devia dar ordens a nível do país. E, consequentemente, quem devia procurar não criar desordens no país. Não há país nem sociedade que resistam a comportamentos selvagens e indisciplina geral e continuada.

Os desordeiros caracterizam-se pela sua obstinação em não aceitar o cumprimento das leis, regulamentos e determinações de quem tem por obrigação manter a ordem pública para que os cidadãos possam usufruir dos direitos e prerrogativas que o Estado tem de garantir a todos por igual.

Os criadores de desordens servem-se de funções em que têm uma certa relevância na sociedade que necessita dos seus serviços. Daí que atuem com mais ou menos zelo, conforme desejem beneficiar ou pressionar as entidades reguladoras, ou o próprio governo, no sentido de conseguirem vantagens superiores às daqueles que não querem ou não podem sair da ordem de obrigações a que estão vinculados dentro da cadeia hierárquica.

São muitas as atividades profissionais que têm uma Ordem a quem cabe a incumbência de disciplinar o desempenho da classe. Não raras vezes as Ordens misturam as suas funções com sindicatos. Resulta daí que se cria uma anarquia de poderes que gera conflitos com os governos, assumindo a gravidade de autênticas guerras em que se pretende retirar aos governantes o poder de decisão que devem ter, segundo critérios de justiça relativa, ou mesmo de conseguir o bom funcionamento de todas as instituições que, em cooperação, visam assegurar aos cidadãos as condições básicas de vida que a Constituição da República lhes garante.

Portanto, as Ordens servem para disciplinar e não para criar desordens na respetiva classe. As Ordens não competem com os governos nem são aliadas dos sindicatos. Cada qual, dentro das suas funções.

Os sindicatos são essenciais para negociar contratos com as entidades empregadoras, mas não podem, através da desordem, pretender sobrepor o seu poder negocial ao poder de aceitar ou recusar as suas propostas. O último recurso do poder sindical é o direito à greve. Que não pode recorrer a qualquer espécie de violência física ou verbal. Nem contra os empregadores, nem contra os empregados não aderentes. Tal como não podem encerrar instalações unilateralmente para coartar o direito ao trabalho a quem o deseje exercer.

Nunca, de modo nenhum, nem Ordens nem sindicatos, podem colocar em risco vidas humanas ou destruição de instalações públicas ou privadas com o pretexto de que a responsabilidade é de quem não aceita as suas reivindicações.

Acima de tudo, há responsabilidades, sim, mas essas terão de ser apuradas pela justiça, doa a quem doer, tendo em consideração que os governos não devem cair na rua, nem podem ser condenados por ninguém, desde que tenham cumprido sempre as leis e a Constituição da República.

Quanto às responsabilidades políticas, essas serão atribuídas em função dos resultados da contagem dos votos expressos pelo povo nos momentos próprios. Mas há cada vez mais quem se julgue acima do julgamento e da vontade do povo.

25 Nov, 2019

UM GRANDE...COMO?

Jesus é grande em Portugal e enorme no Brasil. Por enquanto. Toda a gente sabe que ser um grande treinador não é sinónimo de ter clube para treinar enquanto lhe apetecer. Pode sê-lo enquanto apetecer a quem dirige o clube que o contratou e, naturalmente, enquanto não houver contestação ao presidente pelos maus resultados obtidos.

Jesus conquistou o Brasil futebolístico do Flamengo em cerca de cinco meses. É obra! Mas Jesus esquece que pode perder esse tremendo mundo da bola em menos de cinco dias ou mesmo cinco minutos se ocorrer qualquer ‘cagança’ que desgoste a torcida ou ameace o bom nome dos dirigentes do Fla. E com Jesus excitado e inebriado pela vã glória do sucesso supersónico, tudo pode acontecer.

Jesus, ainda dentro do vendaval dos festejos, deixou entrever que já sonha com a ascensão a um grande clube da Europa. É evidente que um grande clube tanto pode ser o Mafra português como o Barcelona espanhol. É tudo uma questão de grandeza relativa. Mas, para Jesus, obviamente que será sempre ao nível de um Man United ou de um Bayern de Munique.

Excecionalmente Jesus poderia abrir uma honrosa exceção, se as suas espectativas se gorassem quanto ao nível máximo dos seus sonhos. Então, poderia contentar-se com uma ida até à Invicta, onde o Dragão Mor realizaria, ao que se ouviu em tempos, o sonho de juntar Jesus ao Papa do norte, numa comunhão espiritual que revolucionaria o futebol português, que mudaria de uma liga do diabo, para uma santa liga.

Tal só seria possível se entretanto o senhor de Conceição caísse em desgraça definitiva, depois de o rei dos pneus realizar o sonho de tornar o seu clube o maior dos grandes europeus. Aí, cuidado, Jesus ainda pensaria duas vezes em Lisboa, e seguir a sua crença de um dos grandes europeus. Para Jesus, é tudo uma questão de fé e de dimensão.

Mas, por agora, Jesus sonha ascender ao cimo do morro e, lá no alto, abrir os braços como os tem o Cristo do Corcovado e gritar bem alto para que todo o Rio de Janeiro o oiça: Agora já não sou Jesus. Sou o deus desta cidade maravilhosa, onde se acorda da noite do maior carnaval do mundo, com uma ressaca de ‘cagança’ que bem pode não durar até ao carnaval do ano seguinte.

Até porque em Portugal, e até na Europa, não há ressacas como no Brasil, onde até nos dá a impressão de que lá, é tudo à bruta, tanto a ganhar como a perder. Por cá, é tudo muito mais ‘calminho’. Sim, porque Fado não é Samba. E grande, grande, só o sol que nos aquece e a lua que nos mente a cada cara que nos mostra.              

08 Nov, 2019

Coisas a brincar...

Cada um é para o que nasce. Até há pouco tempo era isto que se pensava sobre as reais possibilidades de cada pessoa poder servir o país e orientar a sua vida sem sequer pensar que todos temos de servir para tudo e, principalmente, que todos podem desempenhar todas as tarefas da mesma maneira e com a mesma eficiência.

Assim, começaram a chegar à minha cabecinha pensadora, situações que me levaram a ter ideias de se lhe tirar o chapéu. E entendi que devia começar por cima, com um exemplo que bem pode vir a revolucionar o conceito de competência, a vantagem de estar à vontade entre pessoas de baixo nível cultural, de compreensão ou lucidez acima da média, ou ainda uma propensão evidente para brilhar ao mais alto nível nacional ou internacional.

Qualquer pessoa que tenha idade mínima para a função e seja cidadão nacional, pode aspirar ao mais elevado cargo do país, sem qualquer limitação curricular desde que, homem ou mulher, se considere uma pessoa normal, e afirme que está no seu direito de ser tão capaz e competente, como qualquer outra pessoa. A sua capacidade de adaptação e o seu espírito inovador, resolverão todas as dificuldades.

Tanto pode ser um ilustre académico como pode ser um iletrado negociante de qualquer ramo. Ou outro cidadão qualquer que não se sinta inferiorizado ou receoso de vir a ser um falhado. Só quem não tem confiança em si próprio se pode excluir seja do que for. A função será sempre marcada pela experiência. E cada qual tem a sua própria experiência. Até um presidente se afirma sempre pela sua experiência, venha ela de onde vier. Porque todas podem ser boas ou más.

Agora o país está bem servido com o presidente que tem. Quando ele resolver sair, gostaria de ver na lugar dele, um procurador ou um juiz, uma professora ou uma auxiliar de educação, um agricultor ou um pescador, um funcionário público ou um advogado. Um… ou … Na secretária do presidente, podia haver só dois carimbos para resolver todo o expediente: Um com a inscrição: APROVADO. Outro dizendo: CHUMBADO.

O chefe do governo podia ser uma prima do presidente. Os ministros e as ministras deviam ser escolhidos tendo em consideração os seus dotes físicos e as suas habilidades e experiências nas tarefas a desempenhar. Talvez assim não estivessem constantemente a ser ameaçados de demissão.

A assembleia seria constituída maioritariamente por gente com uma ou mais deficiências, para suprir o grave problema da dificuldade de conseguir trabalho devidamente remunerado. Prioridade absoluta na seleção: surdos-mudos, só surdos, só mudos, coxos de pernas, manetas, atrasados, retardados, lentos, sonolentos, etc. Pode parecer que haveria falta de comunicação entre eles. É um engano. Se fossem todos saudáveis é que nunca conseguiriam entender-se.

O problema da violência nas escolas poderia resolver-se com auxiliares de educação fardados de polícias para acompanhar os alunos nas aulas e nas atividades fora delas. Acabava-se com a falta de auxiliares que não veem nada, que não querem ver nada, que têm medo dos alunos e dos pais dos alunos, principalmente, daqueles alunos e daqueles pais dos alunos que nos distúrbios nunca são referidos pelos nomes. E os professores deixavam de ter medo das ameaças desses pais e dos pontapés desses alunos.

Nos hospitais, poderia aumentar-se bastante a produtividade se fossem instaladas máquinas de café, bebidas e bolos, em todos os pisos. Os profissionais não seriam obrigados ao esforço de esperar por elevadores lentos, sobrelotados e evitar filas nessas máquinas e perdas de tempo com utentes que querem é conversa. Porque os profissionais o que mais querem, é trabalhar tranquilamente.

Nas televisões e nos jornais pratica-se a máxima, falar o mais possível e dizer o menos possível. Destacam-se a ginástica e o humorismo. A ginástica exercita predominantemente a língua em bate papos que vão do cómico ao violento, passando pelo insultuoso. O humorismo tem ‘homuristas’ às dúzias que enchem espaços com críticas maldosas a pessoas que não se podem defender. Depois há a política: sempre porca, ou quase sempre. E há os jornaleiros: os bem pagos e os muito mal pagos.

Parece que é melhor acabar com esta brincadeira de mau gosto, não vá alguém chatear-se e levá-la a sério, quando leva a brincar tanta coisa séria que chateia muita gente.