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afonsonunes

afonsonunes

25 Dez, 2019

Três de uma vez

É verdade. Desta vez deu-me para entrar aqui com três temas que, qual deles, me tem preocupado mais. Além disso, julgo serem chuvadas no meio dos temporais que assolaram o país nesta época que devia ter sido calma, festiva e minimamente feliz para todos os portugueses.

Sim. Chega de tanto martirizar este povo com tanta coisa inútil e desnecessária, começando pela interminável campanha jornalística e televisiva sobre um Chega de quem quase ninguém gosta mas que anda nos píncaros da informação que não gosta nada de notícias positivas.

Efetivamente, chega de tanto elevar o que não presta, esquecendo ou ignorando tanta coisa que o país devia, ou tinha necessidade de conhecer. Que mais não fosse para estancar a desinformação, a maledicência e o pessimismo que é noticiado permanentemente. Chega.

Pagar para salvar. Nem mais. Quando o Estado tem de ir salvar quem se arrisca estupidamente, contra todos os avisos de perigo iminente, de todas as entidades competentes do Estado e fica em situação de perder a vida, merece o devido castigo que é pagar as despesas que originou.

Mais, quem tem meios e pode pagar pelo aventureirismo irresponsável, paga. Quem não tem meios, é justo que tenha o mesmo tratamento que tem quem não cumpre os seus deveres para com o Estado. Que não pode nem deve ter tratamentos diferentes para cidadãos incumpridores.

Quem pensa que a obrigação do Estado é pagar e não bufar, não pode refilar contra os impostos que paga. Os contribuintes têm de pagar impostos para que o Estado garanta condições para que todos os cidadãos vivam cumprindo os princípios básicos a que estão obrigados.

O Estado, os contribuintes, não podem suportar custos com quem, nos seus desvarios, põe impunemente em risco a vida dos seus salvadores. Que, com toda a solidariedade seguem o lema vida por vida e não podem, não lhes deve ser exigido, que morram por quem não liga à vida.

Há representantes da Igreja Católica que se sentem acima dos seres humanos que os ouvem com respeito e muitos com a tradicional fé cristã. A hierarquia da Igreja, dos padres até ao Papa, constitui uma infinidade de pessoas espalhadas por todo o mundo. Pessoas diferentes.

Infelizmente, nem todas dedicadas exclusivamente à sua missão clerical. Naturalmente que, sendo pessoas, podem e devem ter preocupações sociais, especialmente junto de comunidades com mais problemas e dificuldades de toda a ordem. Porém, não deviam desviar-se muito daí.

Todos sentimos que dos púlpitos das igrejas saem autênticas intromissões no mais puro discurso político, a favor ou contra governos e oposições, como se alguém lhes pagasse essa privilegiada campanha. Para muitos, como se a sua campanha eleitoral fosse permanente.

Há padres que, sendo diretores de jornais regionalistas são, através dos seus artigos de fundo, em todas as edições, um repositório permanente de intervenção no poder político. Como reagiriam eles se o poder político se intrometesse nas suas atividades. Em especial algumas delas.

Achei extraordinariamente estranho o título garrafal de um artigo num jornal nacional que rezava assim: ‘O Estado não é pessoa fiável’. Lembrei-me que o autor, um dignitário com responsabilidades elevadas, não deveria gostar se um responsável do Estado lhe replicasse à letra.

Por exemplo, dizendo em entrevista política, que a Igreja Católica não é pessoa fiável… Ou enveredasse pelos complicados meandros que com frequência aparecem na comunicação social, envolvendo gente de baixa e alta categoria das instituições religiosas. A fiabilidade é complicada.

O clima está a confundir a humanidade com os distúrbios naturais cada vez mais indomáveis, por muito que por cá se tente vender a ideia de que tudo acontece por culpa de um governo que nada faz para que ninguém sofra os efeitos de tanta calamidade que vai acontecendo.

Ainda há poucos dias o país estava seco e havia a sensação de que só um milagre daria a volta a essa situação. Daí que as rezas e os apelos ao divino fossem a única esperança daqueles que normalmente consideram a chuva, quando ela cai, como causadora de dias sombrios, tristes, até deprimentes.

É evidente que estes dias que temos agora, cheios de acidentes e incidentes resultantes do excesso de violência causado pelo clima, excessos que até já têm nome como os humanos, levam-nos a pensar que o sol, o calor e a mobilidade sem peias são quem nos fazem felizes.

Depois, lá vem o ambiente a misturar-se com o clima. Por todo o lado encontramos pessoas que criam mau ambiente, na rua, no emprego, na sociedade. Sociedade que é vítima de um clima de cortar à faca, principalmente quando se discute política, partidos e políticos ou futebóis, adeptos e clubes.

Veja-se o clima, ou o ambiente, que se cria nas discussões na AR, a chamada casa da democracia, mas onde aparecem incendiários frios e calculistas que gelam as consciências dos mais sensatos e tolerantes ou os que aproveitam todos os excessos de linguagem para exaltarem as virtudes de uma escandalosa e ridícula liberdade de expressão, dando asas à mais pura libertinagem.

E há quem venha logo com a velha canção do nível. Nível que sobe e desce nos termos da linguagem utilizada nas discussões mais acaloradas, quantas vezes originadas por equívocos ou desacordos mais ou menos baseados em teimosias ou pormenores que nada dignificam as sabedorias ou competências dos desavindos.

Uma pequena divergência pode provocar de imediato um baixar do nível, ou o largar um impropério que conduz a uma descida ainda maior do nível do impropério. O nível mede-se pela qualidade do insulto e o insulto qualifica o nível do insultante.

E assim se caminha para uma escalada de linguagem que já perdeu o nível da razoabilidade a todos os níveis. Já não há tolerância para com ninguém, nem para com a verdadeira liberdade de expressão. O que há, e bastante, é liberdade para ofender, para humilhar, para descredibilizar.

Longe vão os tempos em que as pessoas se redimiam de lapsos ocasionais, pediam desculpa quando erravam, num sinal de respeito pelo próximo. Sabiam discutir calmamente, sem aqueles assomos de superioridade, sem excessos de importância, sem laivos de raiva ou ódio, sem o objetivo de humilhar ou colocar na lama o nome do seu interlocutor.

Quantas vezes, falta apenas aquela parcelazinha de humildade que caracteriza as chamadas pessoas de bem ou uma amostra de educação que se recebia em família ou mais tarde no pré-escolar ou na escola dita primária.

09 Dez, 2019

Dia da corrupção

Parece que há uma comissão para esclarecer como se deve lidar com a corrupção. Acontece que a comissão ainda não tem quem a vai liderar. Mas isso não é nada que não se possa ultrapassar com toda a facilidade.

Obviamente que houve de imediato um movimento que se propôs ‘propor’ um nome que durante uma data de anos tanto se preocupou em garantir que nada fosse mudado nessa área mais que sensível.

Sabe-se como a justiça está encravada, parada, imobilizada, descredibilizada, ajoanada e alexandrada, por causa de coisas que a gente soube e sabe através de pombos correio que voam de manhã.

Esses pombinhos voam com o sol, passam pelos notícias, poisam na pintinha do i e andam de mão em mão em público, na um, na vi e na seec. E ainda o pobre económico em que as facas nuas fazem o eco.

Os cativados comentaristas de caixas de jornais escrevem muito mais do que sabem, já que não sabem nada ou quase nada. Para eles, sobretudo para eles, mas não só, todos os políticos são corruptos e ladrões.

Nada mais errado. Porque, não só os políticos, mas todos os ladrões, têm como característica, não ser corruptos. São apenas e só ladrões. Em geral, os corruptos não são ladrões, pois o seu ofício passa por outros.

Outros que a troco de contactos fabricam esquemas que satisfazem os interesses dos corruptos, sem que estes intervenham diretamente. É a vigarice que corrói a sociedade que os aceita e tolera com o seu silêncio.

Os grandes vigaristas conseguem relacionar-se com amigos da justiça, de grandes advogados e de muitos poderosos que controlam a opinião pública com os seus escribas das afiadas facas nuas sempre em riste.

São indubitavelmente os mais e maiores corruptos que falam e escrevem sobre a necessidade de combater a corrupção. Obviamente que se referem à corrupção dos outros. Não à deles, que essa é mesmo boa.

Pois venha de lá essa tal comissão que referi atrás, desde que ela não seja qualquer coisa, não a dita da Joana, que isso seria meter a raposa dentro do galinheiro, depois de depenados os galos e as galinhas.