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afonsonunes

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18 Fev, 2020

Desequilibrista

Se equilibrista fosse quem cria equilíbrios, desequilibrista seria quem cria desequilíbrios. Esta novidade surgiu-me na noite de ontem ao assistir ao programa ‘Prós e contras’ da RTP1.

Programa que é comandado por Fátima Campos Ferreira, que diz ter de criar equilíbrios entre os tempos utilizados pelos seus convidados nas lutas quase sempre desequilibradas pela própria dona do programa.

Digo dona, com toda a propriedade, porque a própria, toma partido pelos prós, ou pelos contra, ao seu bel-prazer, intervindo para meter buchas a despropósito, interrompendo intervenções, não intervindo quando não lhe convém, mesmo para combater o mau hábito de não deixar falar quem, sobrepõe a sua voz, à de quem está no uso da palavra.

Ontem, o assunto era a eutanásia e a morte assistida. O seu lado favorito foi, desde o início, o grupo dos três do contra, com destaque especial para a participante do meio, que não se calava mesmo quando intervinham os prós.

Para calar os prós, a desequilibrista argumentava que era ela que dirigia o debate e, nesse sentido, tinha de equilibrar as intervenções. Por outro lado, os contra nunca foram interrompidos ou avisados de que deviam falar no seu tempo de intervenção.

Foi assim que a moderadora desequilibrada se tornou visivelmente a desequilibrista do debate do qual acabou por perder o controlo. No fim, deu a palavra ao líder dos prós, dizendo que era para encerrar o debate. A líder dos contra, desatou a falar não permitindo que a ordem fosse cumprida.

A moderadora, não conseguindo impor a ordem dada, acabou por ser ela a fazer o encerramento, com um elogio à beligerante, dizendo que gostava que o bom trabalho dela no privado viesse a beneficiar o serviço público, ou seja, sem dores insuportáveis, que no seu local de trabalho não existiam, nem nunca tinham existido. Calculo o que sentiram os prós no seu orgulho de profissionais.

Um dos do trio dos prós, chegou a dizer que estava no lugar errado pois era melhor ir para a plateia onde seria ouvido com mais atenção.

A líder dos contras disse que abanava tudo o que quisessem, ao ser-lhe perguntado porque abanava constantemente a cabeça em sinal de reprovação do que ouvia. Ao menos um ar de seriedade no espetáculo.

Os médicos dominavam as presenças entre os intervenientes mas não se entendiam e muitas vezes discutiam entre si acaloradamente.

Distinguiu-se também entre os convidados, a presença do selecionador de futebol que fez mais uma vez a apologia da sua fé, ao defender a igreja com vigor, citada por outros intervenientes. Na sua longa intervenção meteu a descrição da sua vida particular, na assistência ao pai, já falecido. Um momento de muita compaixão.

Quanto ao aspeto do esperado esclarecimento dos assuntos em causa, foi uma espécie de ‘tourada’ por entre pegas de caras, de cernelha e estocadas sem bandarilhas e sem olés de aficionados por vezes desesperados, além de assomos de ‘superioridade da superiora dona do programa’ nessa aflição de conseguir acabá-lo com equilíbrio e o sucesso do costume.

Penso muitas vezes que a julgar morreu um burro. Obviamente que não é totalmente verdade pois eu ainda cá estou. Agora, que acho que há coisas muito estranhas, acho sim senhor. Mas já nada me espanta de há uns tempos para cá. Sobretudo porque as coisas estranhas, para mim, claro, estão a acontecer com uma frequência, também ela muito estranha.

A última delas, conheci-a hoje mesmo. Então não é que as condecorações, muito frequentes, deixaram de ser da iniciativa exclusiva do Presidente Marcelo. Segundo li hoje o primeiro-ministro António Costa vai propor a condecoração de Arménio Carlos, ex-presidente da CGTP, pelos serviços prestados a esta central sindical.

Não é que duvide dos méritos do candidato ao agraciamento. O que me surpreende é o altruísmo do governante em relação a quem tanto lhe tentou fazer a vida negra. Isso revela que não o movem rancores ou ódios como acontece com tantos políticos, bem como com outros protagonistas de outras instituições. É caso para vincar essa posição.

A continuar tal magnanimidade pode levá-lo a atos semelhantes num futuro muito próximo. E ocasiões não lhe faltarão a avaliar pelos ódios de estimação que parece estar a criar no círculo dos seus insatisfeitos ‘amigos’ de desejos, que lhe disputam os louros de decisões que muitas polémicas estão a alimentar.

De momento, a principal, parece ser a de Carlos Alexandre, muito bem apelidado de ‘super-juiz´, tal a preponderância que lhe tem sido atribuída em casos super badalados que têm circulado pelos tabloides que tudo parecem comandar. Onde se tem evidenciado o grande problema do segredo de justiça que nem a Joana conseguiu vencer.

Mas Carlos Alexandre deve ter descoberto agora que afinal, António Costa é o grande prevaricador nesta matéria. Talvez se esteja a preparar para, depois de ter prendido um ex-primeiro-ministro, conseguir agora a glória de prender um primeiro-ministro no ativo. Será um troféu de arromba e, sobretudo, sem indícios de rancor, de raiva ou de vingança.

Em contrapartida, e aqui entra o espírito de contradição do atual primeiro-ministro, é de esperar que o juiz Carlos Alexandre venha a ser proposto pelo seu inimigo de estimação, para uma condecoração feita com honras a condizer por Marcelo Rebelo de Souza. A acontecer tal, essa cerimónia deve acontecer quando Costa estiver em Évora.

Já agora, e já que estou aqui, não podia deixar de abordar o assunto do dia: ‘a matança dos velhinhos’ que uma onda de ‘malfeitores’ faz rugir na comunicação social, sempre aberta a tudo o que é ‘forte e feio’. Até parece que já veem no horizonte as hordas de selvagens empunhando espadas ao alto para degolar velhinhos e velhinhas aterrorizados.

Ora, estes inventores e intérpretes de super desgraças sabem que é pelo medo que se submetem os fracos que não têm força nem jeito para pensar pelas suas próprias cabeças, que se consegue levá-los ao pânico, impedindo-os de analisar a verdade dos factos e as condições reais do fim que se pretende atingir sem contrariar nem forçar ninguém.

A eutanásia é um daqueles assuntos que faz ferver almas e queima almas pelo fogo a começar pelos naturais conquistadores de almas. Que julgam os pecadores enquanto pecam por se dedicarem mais à política que à sua missão de conquistar almas. Que aconteceria se os políticos se dedicassem mais às almas penadas que às soluções política para o país.

Com isto não quero julgar nada nem ninguém. Já bem me basta ter de suportar tudo o que eu julgava que podia ser resolvido com um mínimo de coragem e justiça, de forma que o país e os portugueses vivessem bem melhor. No entanto, volto ao princípio. A julgar morreu o burro. E eu ainda estou vivo.