Os meus heróis
Nestas alturas de crise como a que o mundo vive atualmente é muito fácil encontrar heróis, pois uma boa parte da população tem mesmo por dever trabalhar denodadamente para que o seu sacrifício resulte no bem -estar possível para os seus concidadãos.
A começar por salvar vidas ainda que se corra o risco de pôr em causa a própria vida. Quer seja através de ações de inexcedível coragem ou de rotineiras tarefas em que a profissão exija esforços suplementares para além das suas obrigações normais.
Nestes tempos que vivemos debaixo desta crise causada por um vírus que está a abalar o mundo e ameaça trazer consequências de níveis ainda completamente desconhecidas, só os loucos se permitem menosprezar a situação, como se estivessem a leste dos perigos que todos corremos. E loucos ilustres, é o que não falta neste mundo global.
Esses são os anti heróis que desdenham da coragem alheia por verem que o seu poder ou o seu egoísmo pode vir a ser beliscado pela enorme vaga de heroísmo que se cria na sociedade, manifestando todo o seu reconhecimento e exteriorizando-o das mais variadas maneiras.
Manifestações mais que justas. Porém, essas manifestações atingem apenas uma parte dos heróis. Diria mesmo que atingem uma pequena parte deles, se tivermos em conta que quase todos os portugueses se têm comportado como um bloco de heróis, cada um no seu lugar.
Nos serviços de saúde, porque a sua obrigação é salvar vidas, e salvam-nas em condições muito difíceis, pois ninguém no mundo estava preparado para tal calamidade. Daí que, os médicos, desta vez, fossem os primeiros a receber honras de heróis. Mas há muitos mais heróis.
Desde logo, e começando por cima, governantes que não têm dia nem noite para coordenar medidas, tomar decisões difíceis e muito rápidas, quase sem tempo para pensar. Seguem-se as autarquias, os bombeiros, as instituições de segurança, com a PSP e a GNR à frente em todo o país.
Depois, todo o mundo empresarial de mãos atadas para não deixar fechar os seus negócios, os trabalhadores sem trabalho e sem dinheiro para sustentar as famílias, o povo em geral, constituído por idosos indefesos e por jovens dependentes dos pais e dos avós.
Mas, para exemplo, os milhares de cantoneiros que recolhem os lixos, ao longo das noites de anos a fio, sujeitos a fontes de infeções sem fim, sem que ninguém lho reconheça, também eles são verdadeiros heróis. Enfim, os portugueses em geral, vivendo mal, dão tudo o que podem pelo país.
Os anti heróis, que pouco ou nada dão a quem tudo lhes dá, não se cansam de exigir, agora e sempre, tudo o que o país não tem sequer para melhorar a vida de quem o serve através do milagre da solidariedade, da vontade e disponibilidade para que outros tempos venham para todos.