‘Começa a ser tempo de combater a curva exponencial de parvos para quem, o que é português é mau…’
Ferreira Fernandes apresentou agora a sua demissão de Diretor do DN, conjuntamente com a sua diretora executiva. Certamente não foi por ter escrito esta peça jornalística notável sobre o enfermeiro português Luís, que salvou a vida do PM inglês, Boris Johnson. Sobretudo, não foi por ter escrito um pedido para que o Luís nos salve de dizermos mal de nós.
Mas a oportunidade da demissão conjunta da direção do DN nesta fase tão sensível da vida difícil do país e dos portugueses, onde as nuvens negras cobrem cada vez mais os horizontes da nossa vida comum, bem como este derradeiro (?) artigo como diretor do DN, deixam-me cético sobre estes acontecimentos.
Efetivamente, vão sendo cada vez mais os parvos, os ignorantes, os estúpidos que inventam motivos para dizer mal de tudo o que é português: no caso presente, dos serviços de saúde, das decisões tomadas pela DGS, das opções do governo, das intervenções do PR... Enfim, de tudo o que é português e tem merecido rasgados elogios de diversos quadrantes de fora do país, havendo até quem nos considere um exemplo nesta luta contra o vírus e o tempo de o atacar com a eficácia possível e os meios conhecidos e disponíveis para o fazer.
Fazer críticas não significa despejar ódios e rancores sobre quem tem as responsabilidades de conduzir as ações e as políticas de combate à presente pandemia do vírus Covid-19. Que apareceu quase de repente, como ameaça terrível que ninguém esperava e contra a qual não havia, então, certezas de nada, nem conhecimentos concretos, malgrado acusações tardias à China por ocultação da situação ali nascida.
É fácil agora, aos tais que dizem mal de tudo o que é português, inventar soluções de máscaras, de apoios de toda a ordem, de exigir milagres da sua imaginação, que só agora lhes inundaram a mente, que mais não faz que inundar a opinião pública de mais temores que os muitos que já tem. Para mais em assuntos tão polémicos que dividem opiniões de sábios e cientistas que não se entendem, mas que estes maldizentes portugueses conhecem na perfeição.
É caso para repetir que ‘começa a ser tempo de combater a curva exponencial de parvos para quem o que é português é mau…’
Ferreira Fernandes vai deixar saudades pelos excelentes artigos que subscrevia, pelo bom senso com que os abordava, pelo remar contra a maré de dislates que inunda a maioria dos meios de comunicação social, cada vez mais avassaladora no fortalecimento de pasquins e tabloides que inventam e deformam tudo para contradizer notícias sérias e ridicularizar quem lhes esteja atravessado na garganta, por qualquer motivo ignóbil.
Finalizo, desejando que Ferreira Fernandes fique onde ficar, continue a ser coerente, honesto e defensor das verdades jornalísticas, a bem do país e dos portugueses.