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afonsonunes

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24 Mai, 2020

Praia sim bola não

Ou muito me engano ou o campeonato da I Liga não vai chegar ao fim. Até poderá conseguir adiantar mais umas tantas jornadas. Mas a clubite é tal que um qualquer percalço nos resultados que mexam com a qualificação dará de imediato lugar a tanta contestação que levará a birras tais que tudo pára de imediato.

A guerra da substuição de Pedro Proença na direção da Liga de Clubes será também o primeiro abanão, senão o desmoronamento da tralha diretiva que dificilmente resistirá aos assaltos verbais que aí vêm. É que os culpados do sistema não resistirão a continuar a sua tática de anjinhos vítimas dos inocentes que todos os dias levam pancada dessas angelicais criaturas.

Por outro lado, vamos continuar a assistir aos mais que vendilhões do templo que apenas se preocupam com os muitos interesses de que vivem, quer ralhando, resmungando, escrevendo, comentando, emporcalhando o ambiente em que vivem ou, no caso dos maiores responsáveis pelo país, virando a cara para o lado, como se o fogo lhes queimasse os olhos, ou o ruído lhes, retirasse a obrigação de impor soluções a quem de modo nenhum quer abdicar de qualquer mudança saneadora.

Dinheiro para todos com fartura parece ser, ou é mesmo, a única preocupação, o único esforço, que fazem, os que pedem, exigem, e os que dão o que não têm, sem olhar a quem mais precisa parecendo privilegiar aqueles gananciosos que sonham pisar e passar por cima de quem nunca teve, ou já deixou de ter voz, de tanto gritar por socorro.

Venha pois a praia e que se vá a bola, mesmo tendo a certeza de que quem não pode ir à bola  também não pode ir à praia. Mas que fique a certeza de que na praia, não haverá chulos nem loucos, nem anjinhos endiabrados, nem inocentes massacrados que moam o juízo a quem só quer uns dias de descanso com a tranquilidade que o ar do mar oferece a todos por igual.  

20 Mai, 2020

O Manel e a Pateta

A nossa vida política é fértil em contactos e contaminações, que é como quem diz, que andam muitos vírus no ar que todos respiramos. Esses vírus, normalmente, não chegam a ser batizados com nomes em que entram letras e algarismos, por vezes separados com hífens.

É o caso dos vírus que a comunicação social tanto gosta de oferecer a quem tem a paciência de a percorrer diariamente com olhos ou com os ouvidos de quem necessita de emoções, umas fortes, outras nem tanto, mas quase sempre com laivos de intriguices, quando não de cretinices.

Isto fez-me lembrar a história do Pateta Manel que era muito mais Manel que pateta. Ou a história da Ana Pateta que, nitidamente, era muito mais Pateta que Ana. Mas isto são histórias que ninguém conhece senão eu, ou não fosse o meu vício de inventar histórias de patetas.

O Manel e a Ana são duas faces de patetas muito diferentes. O Manel é um caso de visibilidade muito antiga que tem um fundo cimentado em cultura e uma vida de glórias e tragédias de que muito se orgulha.

A Ana é um caso de visibilidade apenas através de casos esquisitos e estranhos em que se atira a tudo o que é gente grada, visivelmente para que as parangonas das notícias se colem a ela. Depois, colhendo mais os frutos podres das notícias, que o resultado de serviços úteis à sociedade.

Não me parece que o Manel e a Ana alguma vez tivessem uma proximidade visível ou mesmo aparente. Parece-me até que não mostravam nada para que levasse a associá-los em defesa ou ataque de temas polémicos que aos portugueses merecesse uma atenção especial.

Polémicas são o forte de muitos Patetas Alegres e de muitas Anas Patetas. Que de cada vez que abrem a boca é um ror de polémicas só porque, principalmente, por parte da Ana, desanca sempre em alguém que vai logo para primeira notícia do dia, durante vários dias.

A Ana polémica meteu-se com estrelas da bola e o Manel não se indignou. Tal como nunca se indignou com casos de baixa política e de rasteiras fora dos relvados. Porém, a Ana Pateta exaltou-se e sentiu-se traída democraticamente com uma frase política sem intenção de quem não pode abrir a boca sem que seja considerado um insulto aos patetas do país.    

Se não constitui novidade, o comportamento da Ana Pateta e dos ávidos abutres que vivem de polémicas, já é de estranhar a reação do Alegre Manel ao aderir à polémica da Ana, considerando que ninguém pode falar mais alto que ele em questões de democracia.

Mesmo que essa democracia seja o exercício de conversas entre alguém que também tem direito a falar, a brincar até, sem estar a decidir nada por ninguém, sem ofender como tantas vezes é ofendido, sem poder responder à letra, como qualquer cidadão livre e respeitador.

A menos que nesta pandemia que nos ameaça com vírus mortíferos, já não se possa ter liberdade para falar sem a máscara da hipocrisia e sem o medo dos espirros de esbirros que fazem da sua popularidade uma auréola de intocáveis pensadores e executores das regras do país. E heróis da pantominice informativa que cresce como ervas daninhas.

12 Mai, 2020

Preparemo-nos

Dois meses depois do assalto que o pandémico vírus levou a cabo ao nosso país, depois de já ter deixado para trás um rasto de destruição de vidas em países com muito melhores condições que nós para o atacar, país pobre em meios mas muito rico em gente que sabe o que é lutar contra inimigos traiçoeiros invencíveis nas primeiras batalhas.

Dois meses depois desse assalto houve que preparar tudo, mas mesmo tudo o que era preciso, em todos os sectores da sociedade, num trabalho muitas vezes às apalpadelas, seguindo escrupulosamente os pareceres de instituições internacionais mais experientes e mais competentes, embora também surpreendidas pela violência e surpresa dessa pandemia.

Mas o tempo de reação não permitia sequer pensar, pois era necessária ação imediata, tais eram as falhas encontradas no avanço vertiginoso desse inimigo implacável. Como ninguém estava preparado, ninguém se atreveu a criticar abertamente o que as entidades que iam organizando e combatendo tiveram de implementar de imediato.

Houve até referências elogiosas dentro e fora do país, à forma como este se foi organizando e aos resultados que, de dia para dia, comparados com os que se viam na rápida conquista de terreno lá fora, prometiam menos dureza e menos efeitos devastadores na saúde dos portugueses apanhados nessa onda assustadora.

Passados dois meses é triste verificar que começam a levantar-se vozes de gente que sabe tudo, mas só depois de tudo acontecer, encontrando erros e falhas, algumas delas tão estúpidas como quem as levanta, sobretudo por esquecerem que se seguiram procedimentos que partiram do zero e foram evoluindo à medida que se foram ganhando novos conhecimentos.

À medida que o tempo for avançando, mesmo que o relativo e possível sucesso se vá verificando, aumentarão os críticos da treta, os políticos ressabiados, os sindicalistas egoístas e radicais, os ignorantes natos ou especializados em bota abaixo. Gente, algumas pessoas de organizações e corporações, que julga que os governos são o seu mealheiro ou o seu banco, ou ainda portugueses que julgam que o país é a sua enorme pocilga em que as pias têm de estar sempre a vazar para fora. Para satisfazer o seu insaciável desejo de comer. O seu vício de vomitar os seus excessos.

Preparemo-nos pois para esta mais que provável realidade. Que já começa a aparecer em alguns dos comentadores, uns profissionais outros principiantes, nos órgãos de comunicação social, desejosos de mostrarem a sua obrigação, própria ou imposta, de se salientarem contrariando o bom senso de quem o faz seriamente e dentro da verdade dos acontecimentos.