Parrachitagem
Decorreu há pouco, nesta tarde, um daqueles desfiles de gente espalhada (pouco) pela Avenida da Liberdade abaixo, palco frequente de manifestações contra ou a favor de qualquer coisa. Lá decorreu mais uma versão de democracia participativa ao ar livre. Também livre, porque fora das normas estabelecidas para a defesa da saúde, coisa que devia ser igual para todas as pessoas. Mas há pessoas que podem abdicar dessa defesa e pessoas que podem marimbar-se para essas coisas.
Obviamente que é sabido que as pessoas não são todas iguais, tão pouco os direitos e as obrigações não atingem igualmente pessoas importantes que estão acima de esquisitices dessa natureza porque são determinadas por pessoas de baixa qualidade e de baixo nível na sociedade que comandam. É por isso que há pessoas que podem passear-se em manifs de milhares de cabeças e há pessoas que estão proibidas de estar em grupos de mais de cinco.
As autoridades repreendem e dispersam sempre com bons modos grupos muito diversos de jovens que até são capazes de obedecer ou se atiram aos amáveis agentes da autoridade mandando-os para o hospital sem poderem proteger-se e defender-se do mesmo modo como são atacados. Fala-se tanto em procedimentos proporcionais e em justiça cega que nos leva a pensar que estas são palavras que estão a mais nos dicionários de português.
Porém, nesta descida da avenida de hoje, nada disto aconteceu. Em Lisboa, cheia de restrições de toda a ordem, onde tantas preocupações se levantam em todo o país e até no estrangeiro, mais de mil pessoas dizem, puderam fazer inveja aos jovens que não podem sair de casa, ou se podem, não lhes é permitido fazer o que se fez na avenida hoje, ou em outros locais em outros dias. Depois, houve ainda duas personalidades (almas gémeas?) que deram nas vistas.
Mas que par: um Parrachito e uma Parrachita!!!!!!!!!! Haverá coisa mais bonita??????? No entanto, mesmo em tempo de pandemia, qualquer um mia... E em Portugal, miar, ladrar, zurrar, balir, investir, marrar, pegar e escoicear, tudo é legal, democrático e apenas eventualmente sujeito a ações pedagógicas de sensibilização. Mas o povo continua a não ligar muito à 'parrachitagem' que já se julga uma multidão!!!
Hoje, também eu resolvi usar a minha liberdade de expressão especial. Aquela liberdade que outros usam e está tudo bem. Logo, espero que ninguém me critique ou chateie, por esta licenciosidade repentina que me atacou de surpresa. Espero, porém, que tenha sido um ato irrepetível, sobretudo, com a intervenção nas ações de parrachitagem.