A minha playlist
Desta minha lista constam nomes famosos que ajudaram a a pendurar o país com uma grossa corda ao pescoço numa árvore de grande porte de um jardim com frondosas sombras que acolheram muitos acalorados cidadãos a transpirar batota e vigarice por todos os poros.
Notável contraste entre a imagem de um país enforcado e a imagem de cidadãos que se refrescaram sob a sombra da árvore que vitimou o país. País que não tem meios para dar caça a muitos que constam da minha playlist mas teve e tem meios para sustentar os seus palpites.
Sim, há suspeitas ou indícios que perduram após investigações de muitos anos, convicções de crimes que levam à prisão, tudo movendo meios humanos e dinheiro, muitos milhões em muitos anos de infrutíferas acções que impedem investigações sérias a potenciais criminosos.
À cabeça da minha imaginária playlist aparece um justiceiro e um procuradeiro logo seguidos por uma joaninha de asas brancas que já foi esvoaçar e poisar fora da floreira onde nunca devia ter pousado. Com outros protagonistas neste insólito jardim o país estaria muito mais justo.
Seguem-se um coelho malinado, um feirante comentador e uma luíz albu-quer, que como trio demoníaco criaram um cerco atroz ao povo português que vai levar muito tempo a esquecer. A estes nada de mal aconteceu depois do tudo de mau ter ficado no injusto esquecimento.
Entra agora na minha playlist a banda dos opinioneiros onde se destaca o contrabaixo, muito baixinho. Sentado, irradia ondas curtas, frente à poderosa interlocutora musculada. Toca com as mãos, os pés e a língua alimentada pelos chocalheiros que vão do dó, passam pelo fá, até ao sol.
Também não posso prescindir, mas de todo, da avó manela de leite, que foi perita em 3P (parceira, pública-privé) como também não ignoro o duro burroso e o são do tanas, todos ótimos companheiros de cordas que ainda hoje atacam os seus instrumentos criando músicas para cegos.
Mais recente, riu roi, artista de concertos tão desconcertantes que nunca merecem umas palmadinhas sequer, pois os seus e os outros, estão sempre de pé atrás às notas desafinadas. Até parece o concerto dos pós e contas, onde todos são contra e o dooutrolado, da ferreira e do faria.
A minha playlist podia ser muito maior mas a verdade é que nem nesta encontro o mais pequeno prazer em ouvir os seus discos riscados. Cada vez mais adoro o silêncio dos instrumentos arrumados num cantinho onde não cheguem as mãos que os adulteram e me ferem os ouvidos.