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afonsonunes

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22 Jan, 2021

Cores na língua


Se bem observarmos tudo quanto nos rodeia veremos que o país está cheinho de coisas curiosas. No que diz respeito a cores, obviamente. Tal como agora está na moda dizer: só neste país. Ainda ninguém se lembrou de dizer que este país está cor de burro a fugir.
Até parece que neste país, que é Portugal, somos todos ignorantes, quando um ignorante assim nos classifica por motivos de lana caprina, ao sermos incluídos 'neste país'. Mas não são só os ignorantes que assim se pronunciam quando as suas palavras ou os seus atos não coincidem com os seus maus modos.
Só neste país podíamos encontrar quem pretenda mobilizar as mulheres para o uso de batons pretos para os lábios, em substituição do uso de batons vermelhos. Suponho que isto aconteceu na campanha eleitoral que hoje termina, com um palhaço da política, que julga andar no tablado de um circo. Ou foi na loja do mestre André.
Obviamente que há e haverá sempre, penso eu, quem use as cores de batons que lhes apetecer. O que me dá ganas de proferir uns impropérios impróprios contra quem alega que isto só acontece neste país.
Por outro lado, uma Ana qualquer disse há dias na comunicação social que só neste país saloio, é que alguém tenta vacinar os amigos da sua instituição.
Tal impropério só pode resultar de uma situação saloia, de uma Ana saloia qualquer, que ocupa um cargo onde apenas profere intervenções saloias que nada contribuem para um país limpo e onde vivem cidadãos nem todos saloios como essa tal Ana qualquer.
Este país não pode estar ao dispor de tantos especialistas em tudo o que seja interferir em todas as decisões tomadas por quem de direito. Se os poderes instituídos tivessem de atender a todos os 'especialistas' que reclamam o direito de intervenção, seria um país sem rei nem roque, um país ingovernável, com tal confusão e impossibilidade de evitar contradições de toda a ordem.
Na saúde há pulseiras de várias cores para o pulso dos internados nos hospitais. Na justiça há escutas brancas, verdes e vermelhas para cidadãos vulgares e para cidadãos especiais e ainda para dirigentes sem importância, com alguma importância e para os de especial importância.
Este também podia ser um país onde toda a gente cumprisse escrupulosamente as leis e as suas obrigações, sem pretensões de interferir naquilo que não lhes diz respeito. Se assim fosse, os portugueses não sofreriam tanto de depressões, medos, incertezas e sobressaltos de agitadores impunes de toda a ordem.

19 Jan, 2021

Mascarrados

É tempo de mascarados por força dos tempos difíceis que atravessamos, pese embora o comportamento irresponsável de uns tantos, infelizmente muitos, que teimosamente armam em valentões e nada nem ninguém os demove de se mostrarem como autênticos mascarrados.
Há mascarrados que não se importam de serem vistos aos olhos da sociedade como meros emporcalhados de mentes. Porque eles se apresentam pintados, borrados, no modo como se apresentam, ao exibirem os seus argumentos e até na maneira como escrevem ou pintam, sem pincel, sob diversos assuntos. Por vezes é difícil descortinar se eles andam simplesmente mascarrados exterior ou interiormente.
Obviamente que não sabem ou não o querem fazer bem. Como seria desejável como único meio para combater todas as espécies de vírus que nos cercam perigosamente, tanto aos que tudo fazem para dar o seu contributo a esse combate, como a todos os mascarrados virulentos que estão mais interessados em vomitar os seus próprios vírus que contribuir para eliminar os alheios.
Devia ser possível obrigar esses distribuidores virulentos a prestar serviços onde escasseiam meios humanos, sejam quais forem as suas baixas ou altas funções, na política, na saúde, nas corporações, nos sindicatos e em todas as outras funções que dão direito a vomitar todas as basófias, a todos os insultos, a todos os dislates, que tendem a amesquinhar o trabalho de quem faz o melhor que pode para que a calamidade não seja tão catastrófica que se torne invencível.
Com a campanha presidencial a decorrer torna-se evidente que há o aproveitamento de trazer para a comunicação social todas as misérias que têm instaladas nas suas mentes onde mora apenas uma preocupação: chegar ao poder à custa da situação extremamente grave que o país vive.
Por incrível que pareça, além do ataque descabelado e injusto ao atual presidente, o alvo principal de alguns candidatos, de alguma comunicação social, televisiva, de tablóides a pasquins, é verdadeiramente o governo, com algumas oposições a pretenderem oportunisticamente fazê-lo cair dado que sabem que pelo voto não vêem essa possibilidade.
Dá devotar de dizer que tudo o que estamos a viver é um regalo para muitos mascarrados de cara, de mente e de coração.

17 Jan, 2021

Vou botar

Já há quem tenha votado hoje e eu só não o fiz com receio de que correria os mesmos riscos que me esperam no próximo domingo dia 24. Pelo que já li nas notícias de hoje terá havido filas intermináveis segundo alguns jornalistas, enquanto para outros tudo decorreu dentro da maior normalidade.
Habituado que já estou a esta diversidade informativa resolvi que hoje, simplesmente, viria aqui botar umas tantas coisas que já não incomodam quase ninguém mas que a mim ainda tocam cá nuns cantinhos da minha maneira de ser e de ver as coisas. São coisas que não são o que parecem ou serão coisas que parecem o que não são.
Começo por constatar como se mistura a divulgação de um voto depositado hoje antecipadamente na urna e logo de seguida mostrado o respetivo boletim no Twitter. Parece que tal procedimento deve dar aso a prisão ou multa pela divulgação. Melhor, parece que devia dar aso a qualquer coisita. Ou a lei não é para cumprir no que toca a alguns cidadãos especialíssimos.
Porém, a coisa mete uma candidata presidencial que já agradeceu publicamente o apoio à sua candidatura, através desse voto irregularmente divulgado. Trata-se de uma situação complicada, pois não há como não ver a cumplicidade existente entre a candidata e o provável criminoso informático. Obviamente, Ana Gomes e Rui Pinto.
Como não é difícil verificar as reações entre jornalistas, comentadores, leitores e opinião pública em geral, que geram discussões entre os que acham que tudo está bem e os que entendem que tudo está mal. Até parece que tudo se resume a uma guerra entre azuis e vermelhos. Ou até a uma verdadeira batalha entre nortistas e sulistas. Guerra ou batalha gerada e sustentada por dois nortistas azuis contra o inimigo vermelho sulista.
Mudo de coisa para outra coisa que me parece esquisita. A justiça anda há muitos anos a confessar que não tem meios ou não consegue acabar com as fugas ao segredo de justiça. Que não conseguiu, é uma evidência. Mas agora uma Procuradora do Ministério Público descobriu um método eficaz e já são conhecidos dois prevaricadores nessa matéria.
O facto devia ser festejado pela justiça e pelos jornalistas. Em todas as atividades há sãs e podres maçãs. A sociedade está cheia de corruptos e criminosos. Toda a gente clama por justiça e que ela seja cega. Mas há uma coisa chamada corporativismo que não abre mão de determinados chavões.
Caímos na triste situação de que há criminosos bons e criminosos maus. Há corruptos bons e corruptos maus. Isso já está mais que visto, na política, no futebol, na justiça, nos governos nas oposições. Há os que escapam e os são fisgados. Mas não devia haver exceções fundamentalistas, corporativistas ou oportunistas.
Mais uma mudança neste bota coisas cá para fora. A campanha presidencial está ao rubro, até porque de presidencial tem pouco mas tem que chegue e sobra de legislativas. Todos os candidatos se julgam na pele de um chefe de governo, prometendo entrar entrar em tudo, quais valentões a solucionar tudo e mais alguma coisa. Mas todos, esquecem os problemas complicados, mesmo escaldantes, que um presidente ativo e independente, corajoso e imparcial já teria solucionado há muitos anos. E que, venha lá quem vier, continuará a ignorar.
Que venha de lá um presidente que se lixe perante regionalismos doentios, corporativismos bacocos, populismos de conveniência e que não receie cair em desgraça junto de todos os que têm beneficiado desses venenos que vão dando cabo de uma sociedade verdadeiramente livre, democrática, justa e pacífica.
Foi por isso que eu botei isto aqui e vou votar no próximo dia 24.