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afonsonunes

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22 Set, 2021

CAMPANheiros

A campanha eleitoral para as autarquias aproxima-se do fim e os ‘campanheiros’ agitam-se freneticamente buscando motivos que, no seu entender, vão sensibilizar os milhões de amorfos potenciais eleitores, que estão ansiosos pelo fim de tanta pouca vergonha, que a comunicação social releva mas, principalmente, as redes sociais que deliram com algumas verdades, poucas, e muitas meias mentiras, quando não inteiras no seu todo.

Há ‘campanharadas’ que deram o salto dos seus redutos naturais e juntaram-se aos campanheiros para, todos juntos, formarem um regimento único de assalto ao poder, como se em lugar de câmaras e freguesias estivesse em causa a conquista de ministérios e outros mistérios do desejo obsessivo de lugares ao sol.

É a luta diabólica em que se transformou a campanha eleitoral com companheiros e camaradas, aqueles reforçados com parte dos camaradas que tendo debandado para as fileiras dos companheiros, deixaram os camaradas fiéis aos seus princípios a suportarem ataques sucessivos dos velhos e novos companheiros. Ataques que nada têm a ver com autarquias, mas, quase sempre, com ofensas a governantes que não podem sequer defender-se de igual para igual, devido aos cargos que ocupam.

Obviamente que a vítima principal acaba por ser o Primeiro -Ministro que, mesmo na qualidade de dirigente partidário, tudo quanto diz, é levado à conta de responsável pelo governo. Já os seus oposicionistas campanheiros, podem falar de tudo, secundados ainda por quase todos os setores, desde os sindicatos, Tv’s, rádios, corporações, aproveitando a campanha para reivindicar, ofender os próprios, as famílias, os amigos, com toda a espécie de insultos. Sempre impunemente.

Talvez em grande parte por isso, a abstenção é a que se tem verificado. Mas também porque a tendência é para os mais fracos se unirem contra o mais forte, no caso o governo e o partido que o apoia.

As eleições, estas ou outras, e as respetivas campanhas eleitorais, são cada vez mais uma farsa que cada vez esclarecem menos. E cada vez mais também, os eleitores viram as costas às diversas ações em que se gastam muitos milhões que bem poderiam servir para que os partidos se regenerassem e cativassem as pessoas que dizem que eles, os partidos, são todos iguais ou que todos os que andam ligados a eles, partidos, são uns inúteis que só querem é tacho para eles e seus familiares e amigos, ou corruptos que uma vez no poder só tratam de se servir e servir os seus interesses.

Até parece que só os políticos, sobretudo os que estão no governo, são corruptos.

Porém, os maiores corruptos estão bem dissimulados na sociedade e protegidos por quem muito fala de corrupção.

 

 

 

20 Set, 2021

O meu dicionário

Gosto dele sobretudo porque é velho, mesmo muito velho, velhinho, mas tem coisas do arco-da-velha. Quando oiço umas palavras que me cheiram a esquisitices, lá vou eu a pedir-lhe explicações. E não tenho razões para não confiar nele, mesmo nos assuntos mais complexos. E há tantos assuntos e tantas palavras que me surpreendem, até porque muita coisa mudou, tanto nas ideias como nas palavras desde que o meu velhíssimo dicionário foi editado, até aos dias de hoje.

‘Dicionário de Português – 2ª. Edição. Dicionários Editora –  Porto Editora Lda’. É este mesmo. O meu dicionário. Um ‘calhamaço’ de sabedoria e até de me fazer sorrir e deixar boquiaberto com as descobertas que me proporciona.

Não há muitos dias surgiu na comunicação social, alguém a trazer a público um termo que logo me levou a consultar o meu velho amigo, pois as dúvidas entre o que é calão e o que é português legítimo a isso me obrigaram. Há muitos anos atrás eu não teria dúvidas, tal era a naturalidade com que se usava essa palavra. A palavra ‘panasca’. E comecei a pesquisa:

Panasca – invertido, indivíduo de maus costumes, pederasta.

Pederasta – indivíduo que possui o vício da pederastia.

Pederastia – Satisfação de um homem com outro homem, homossexualismo.

Paneleiro – Fabricante ou vendedor de panelas de barro, pederasta.

Pedófilo – Amigo de crianças. (Gr. Paidóphilos).

Pedofilia – Não consta (no meu dicionário).

Não tenho a idade do meu suporte linguístico, mas já nasci muito antes de ontem. Daí que tenha ouvido falar muito, no Pavilhão dos Desportos, hoje Pavilhão Carlos Lopes, e nos seus arredores arborizados, nos frequentadores desses espaços, à noite. Também a referências a pessoas ilustres da vida lisboeta. E no escandaloso e escabroso caso Casa Pia.

Há realmente uma evolução muito grande nas liberdades e nos conceitos de vida das sociedades modernas. Há quem seja mais tradicionalista e quem seja mais evoluído e percorra outros caminhos.

Porém, a minha intenção é tão só salientar a diferença entre os termos do meu dicionário e os de hoje. É evidente que até os dicionários evoluíram. E eu gosto de ver como os tempos mudam, as pessoas cresceram, ganharam outras ideias e outros conceitos de vida. O mundo também se transforma a cada rotação da Terra em torno do seu eixo gigantesco. É pena que essa evolução não tenha atingido a totalidade da população do planeta em todas as vertentes relativas às boas condições de vida.