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afonsonunes

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30 Out, 2021

O berbicacho

Marcelo falou há tempos em berbicacho, caso a situação política descambasse se houvesse problemas com a aprovação do Orçamento de Estado que agora acabou de ser chumbado.         

Para já, o Presidente começou a ouvir críticas a que não estava habituado. E isso já é, em boa verdade, um grande berbicacho. Quem tudo fez para concretizar o bota abaixo orçamental, está agora a pretender que não haja eleições, logicamente porque com elas, ou em resultado delas, as bancadas da AR podem ver mudanças significativas na ocupação das cadeiras. O mesmo se passa com detentores de outras atividades públicas ou privadas que estão habituados a viver pendurados no Estado.

Parece muito estranho que esses, não tenham pensado em todas as consequências antes de tomarem a decisão de chumbarem o Orçamento, até porque o Presidente bem avisou, e com tempo, qual a sua intenção de decidir o caminho a seguir. E é este caminho que está agora a suscitar críticas de várias origens.

Por outro lado, a situação instável de duas cúpulas partidárias, precisamente as que mais festejaram o chumbo, com tal vivacidade e entusiasmo que até cheirava a vitória na conquista do poder. Agora querem forçar o Presidente a colocar o interesse do país, marcando eleições rapidamente, contra os interesses de candidatos que pretendem que elas sejam o mais tarde possível.

Eis outro berbicacho em perspetiva já que alguém vai ficar dececionado com a decisão do Presidente, que terá de arcar com as críticas e as acusações de favorecimento de uns em detrimento dos interesses de outros.

Para não falar da posição do governo e do partido que o apoia, em querer resolver a situação o mais depressa possível, em benefício da resolução dos problemas relacionados com a crise económica e social do país. Para além da posição incómoda de governantes que, sabendo que vão sair, não podem pensar em restabelecer as suas vidas pessoais.

Estamos perante uma realidade que, tudo o indica, vai continuar mesmo após eleições. Os pequenos partidos têm a tendência para querer governar segundo as suas agendas, como se os grandes partidos tivessem de se submeter aos seus desejos e delírios. Isto passa-se tanto à esquerda como à direita. E, ainda mais perigoso para a democracia, é tais delírios pretenderem condicionar as decisões presidenciais

São berbicachos dentro de um berbicacho maior que é o fato de o Presidente ainda não ter sido confrontado com críticas deste teor e que podem ser o princípio de mais uma crise a juntar às outras, que podem por em causa a estabilidade social através de contestações e greves que já começam a mostrar vontades e intenções, apesar de ainda agora apenas se vislumbre o começo de uma vontade indómita de saciar desejos e acirrar ódios que um país débil e demasiado exposto dificilmente suportará.

Andar bem informado no mundo atual não é tarefa fácil, principalmente para os cidadãos que não dispõem de tempo nem meios para procurar notícias fidedignas que só poderiam obter através de jornais, rádios ou televisões credíveis, coisa que está cada vez mais difícil conseguir plenamente.

Por outro lado, o mundo está inundado de demagogos, de mentirosos profissionais ou de encantadores, não de serpentes, mas de pessoas, de multidões, quando não de países. A política, de um modo geral, está abominável, com governantes e opositores a assumirem posições tão extremadas, tão incoerentes e tão contraditórias, que semeiam o caos entre quem os escolhe pelo voto, ou os repudia através da abstenção.    

Como a política mexe com todas as atividades de todos os países, o panorama repete-se praticamente em cada uma delas com os mesmos efeitos e consequências.

Assim, o que encontramos muitas vezes na informação corrente, a todos os níveis, são bocas, farpas, recados e até, aqui e além, bem dissimuladas, bojardas de se lhe tirar o chapéu, pela sua dimensão, alcance e poder de aceitação.

No nosso país temos verdadeiros especialistas nessas diversas modalidades comunicativas. Não quero dizer, nem admitir sequer, que todos esses especialistas se dediquem a espalhar os seus ditos com a pior das maldades. Até admito que há mentiras piedosas, promessas bem intencionadas, ou ainda os amigos para o bem e para o mal.

O rei das bocas do futebol mora lá em cima e quase todos os dias lança uma boca nos jornais sobre os seus inimigos, que tem eco em todos os meios de comunicação social. Normalmente, essas bocas destinam-se a lançar a confusão destinada a acusar, para disfarçar o que se passa na sua própria ‘casa’.

Os ‘bandarilheiros’ lançam as suas farpas mais ou menos afiadas certos de que vão ferir vítimas indefesas. Este tipo de competição entre gente de todos os negócios escuros, públicos e privados, desenvolve-se e cresce nos meios politiqueiros, onde cada qual vive para enganar todos aqueles que lhes fazem o mesmo. Muito comum nos meios onde a partidarite impera.

Os recados são coisa mais fina, mais sensível e mais interpretativa. Isto é, o recado, normalmente, vem de cima para baixo. Pode nascer de uma opinião, de um desabafo, de um conselho. Mas, quem o ouve, pode transformá-lo em recado dirigido a alguém a quem interessa minimizar ou até mesmo criticar, ou ofender. É sabido que de Belém, vêm ‘recados’ todos os dias e para todos os gostos.

Depois de tudo isto, restam as bojardas. No mundo delas, os cidadãos vivem aturdidos com os ecos e ondas que provocam. Os meios onde se desenvolvem e rebentam com estrondo ou estardalhaço, são essencialmente os financeiros. Os que envolvem figuras da nata social e económica, ou entre aqueles que os protegem, dentro do meio político e judicial.

As bojardas não rebentam no meio dos cidadãos comuns e muito menos entre os menos interventivos. Mas são estes, uns e outros, a sofrer na pele as consequências de tamanho espólio do erário público.  

      

 

         

07 Out, 2021

É ou não é?

Toda a gente, culta ou ignorante, gosta de meter a colher em todos os pratos e até, se possível, em todas as panelas. Isso é terrivelmente compensador pois os especialistas de qualquer matéria têm a vida bastante simplificada.

Eu, por exemplo, adoro meter a minha colher em tudo o que cheira a esturro, ajudando os melhores chefes e cozinheiras a tomar medidas tendentes a que não se distraiam enquanto têm os fogões acesos.

Mas vamos ao que me trouxe aqui hoje. Está prestes a sair mais um Orçamento do Estado para o próximo ano. Há muito tempo que o país político, religioso, ateu e até mesmo neutro, se aventura a mandar cá para fora as suas medidas indispensáveis para que o povo no seu todo o aprove.

Isto significa que toda a gente está em condições de conhecer as implicações dessas medidas em todo o universo da população portuguesa. Não há aqui qualquer possibilidade de alguém estar a puxar a brasa à sua sardinha.

Obviamente que os políticos são os primeiros a manifestar o seu interesse em discuti-lo, daí que aprovado o de um ano qualquer, logo começa a discutir-se o próximo. É pois uma matéria de excelência para excelentes discussões. Mesmo que ninguém se demita, nem seja demitido.

Também é um assunto religioso, ou não sejam os religiosos ótimos políticos dentro das suas atividades fora das missas, das igrejas e das capelas. Mas quantos deles são também jornalistas e, ou, diretores de jornais, nos quais introduzem comentários ou artigos em que ensinam os políticos e os governantes a serem um exemplo para os fiéis cidadãos.

Aposto que os políticos também ensinam muitos religiosos a não se meterem em jornalismo de interesses, deixando esse tipo de informação exclusivamente para os profissionais, criticando cada um as misérias dos outros, deixando de fora as exclusivamente suas.

Parece-me até que a pedofilia na Igreja em França, agora na ordem do dia, é um bom exemplo. O assunto é escabroso mas, atrevo-me a pensar, só a pensar, que o fenómeno não é exclusivo do clero francês.

Porém, o Papa Francisco já demonstrou que tem vergonha do que se passou, o que não aconteceu com o clero desse ou de outros países do mundo inteiro. Logo os jornalistas, ou diretores de jornais, ou comentadores, todos ligados ao clero, não se metem nisso, como se metem na política.

É, ou não é? Toda a gente fala do OE, mas pouca gente fala de pedofilia. Talvez isso queira dizer que toda a gente sabe muito mais de economia do que de pedofilia, nomeadamente, como assunto de conversas de café, de púlpitos ou de comícios.                     

Ainda sobre o OE o Presidente Marcelo começou hoje a ouvir os partidos. Pura perda de tempo. Com tantos recados que já ouviram do presidente, já não devem saber o que fazer na aprovação do OE. Apesar de quase todos concordarem com os recados, na parte que lhes interessa, que é a dos recados ao governo. Com tanta sabedoria em orçamentos, feliz está o ministro das finanças, Leão, que quase nem teve que mexer uma palhinha para que o OE aparecesse feitinho.    

É, ou não é? Obviamente que é, ou não fosse o presidente a determinar o que se deve fazer, com exceção daquelas pequenas coisas, da justiça, do futebol, das touradas, da caça, dos jornais, das televisões e do tempo, de que o S. Pedro não abdica.               

 

 

 

 

05 Out, 2021

Só neste país!...

Neste país, no nosso país, para os que merecem tê-lo como seu, Portugal é um país singular como se pode constatar pelas muitas manifestações de simpatia de grandes personalidades ligadas a diversas atividades, desde embaixadores de Portugal espalhados por esse mundo fora, a grandes admiradores do mundo inteiro que hoje, ao contrário de ontem, veem neste pequeno país um lugar onde muitos já mudaram para aqui a sua residência, e onde muitos outros desejariam ou gostariam de se mudar definitivamente para Portugal.

Porque, a contragosto de muitos portugueses que a propósito de tudo e de nada desabafam com ares de muito desiludidos: Só neste país!... Como se este fosse um dos piores países do mundo para se viver. Como se aqui tudo fosse mau e lá fora fosse tudo um mar de rosas.

Portugal é hoje um dos países mais conceituados do mundo em múltiplos aspetos. O Portugal de ontem, um país atrasado e de gente inculta, surpreende quem nos visita pala primeira vez, pelo seu aspeto em modernas cidades, pelas originalidades no meio rural, pela amabilidade das suas gentes, pelas surpresas do clima, das paisagens, da gastronomia, da segurança e da estabilidade da vida social e política.

Só neste país, se encontra tudo isto em relação a muitas condições adversas da quase totalidade de outros países. Obviamente, que, neste país, pequeno em superfície, mas enorme na sua grandeza natural em desenvolvimento constante dentro de conceitos modernos e grandemente virados para o futuro, como o demonstra a implantação empresarial nas mais avançadas tecnologias.

Só neste país!... Desabafam os inúteis deste país, que não têm vontade nem meios para se mudarem para os seus sonhados paraísos. Daí que para eles tudo esteja mal aqui. No Portugal que não é o deles, mas que é o nosso, que eles odeiam mas que nós amamos, que eles tentam ou sonham destruir mas que nós vamos reconstruir, porque somos cada vez mais que eles.

Os seus instigadores andam por aí, nas televisões privadas, mas também na televisão pública, com programas, investigadores e comentadores que são autênticos arautos da desgraça e do veneno, do ódio, contra tudo e todos os que dão o melhor de si próprios para que o país seja cada mais acreditado no exterior, mais virado para a possível e demorada coesão social e a necessária e urgente clarificação de uma justiça que permita a tranquilidade de todos os cidadãos. Justiça a todos os níveis.

A verdade não pode ser confundida e disfarçada com a mentira, nem com os ‘confusionistas’ que se servem das misturas permanentes de meias verdades com meias mentiras, até mesmo em algumas das mais altas instâncias e suas ramificações, deambulando pelo acessório quando o essencial não lhes convém nem lhes interessa ser discutido ou abordado.     

Nos momentos difíceis, como os que temos suportado, e vamos continuar a suportar, não devia haver lugar para oportunistas que só pensam neles próprios e nos seus privilégios de várias ordens, esquecendo as grandes vítimas, todos os que não tendo  nada, ou quase nada, são sempre os grandes esquecidos para que os outros, os egoístas, se regalem com as suas vitórias.

Finalmente, este país, depauperado, agora mais ainda pelas circunstâncias, está a ser minado por quem vê nos apoios externos que aí vêm, a satisfação da gula insaciável e egoísta, ignorando o fim único dessa ajuda, que é a preparação do país para um futuro melhor para todos os portugueses.

02 Out, 2021

Moedas são trocos

Vai por aí uma excitação e uma alegria legítimas, mas o tempo dirá se a durarão das festas é para durar ou se depois dos risos não vêm os choros que lamentam as grandes desilusões.

Por mim ainda não consegui esquecer o tempo longínquo desastroso e dececionante do Caramona Rodriguinhos e do seu enorme companheiro Fontanão do Cravalho que conseguiram o feito de deixar aquilo no charco ao agora corrido Merdina.

Mas as coisas são assim mesmo, porque quem agora escolheu trocos, provavelmente arrisca ser um novo Rodriguinhos no meio de uma tempestade mais ou menos perfeita, apanhado no meio de uma qualquer ciclovia intransitável.

Uma coisa é certa. As moedas, ou os trocos, não vão transformar-se tão cedo, ou mais tarde, em notas de cinco ou dez euritos. E isso vai fazer correr muita tinta. Quando, não é ainda previsível. Mas o tempo vai matando tempo, até que, para o efeito, o tempo se acabe numa escabrosa ciclovia lisboeta.