Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

afonsonunes

afonsonunes

10 Mar, 2012

Assessores

Assessor deve ser uma profissão de desgaste rápido, assim do género de atletas de alta competição, a avaliar pelo tempo que muitos deles permanecem no emprego. Falo, naturalmente dos assessores de gente de topo, pois os que se desgastam em assessorias menores, como são as de assessorados que não fazem nenhum, essas são como as pilhas que nunca mais acabam.

Aliás, no meu modesto entender, toda a gente tem assessores e, ao mesmo tempo, toda a gente é assessor de alguém. A grande diferença está na importância das decisões recomendadas e, consequentemente, nas importâncias que representam os algarismos inscritos nos cheques regularmente emitidos pelo assessorado.

Por exemplo, eu tenho os meus assessores, muitos e bons, mas a quem não pago um cêntimo, nem tão pouco me preocupo com o receio de que eles me venham pedir o cheque. Porque os meus assessores são homens e mulheres que oiço na rua, que sabem muito mais da vida que quase todos os assessores que ganham balúrdios.

Já o mesmo não posso dizer da minha atividade de assessorar outras pessoas. Não passo de um assessor de meia tigela mas, ainda assim, o pouco que faço, faço-o no maior respeito por quem me escuta. Obviamente que também não quero mais que a satisfação de haver alguém que se interessa pelo que eu digo, do mesmo modo que retribuo com o meu interesse.

Não compreendo como é que há tanta gente que tem assessores caros para evitar que metam o pezinho na argola e vai daí, volta não volta, lá estão eles em situação de deus nos livre. Não compreendo para que servem esses assessores, ou não compreendo por que razão não são ouvidos antes da libertação das broncas.

Não posso compreender que quem tem muitos assessores não lhes exija bons conselhos. Como não posso compreender que os bons assessores deixem os seus assessorados proceder, como se os não tivessem. Principalmente se verificarem que a tendência deles vai no sentido da asneira continuada. E sempre em sentido único, o que é muito mais grave.   

A menos que os assessores sejam tantos e com formações tão diferenciadas que não se entendam entre si e só sirvam para baralhar ainda mais, quem já anda baralhado por natureza. Nestas circunstâncias, o melhor remédio é mandar todos os assessores dar uma volta ao bilhar grande e lá deixa de se gastar mais uns balúrdios.

Não raras vezes se tem constatado que essa gente só sabe dar ordens em todos os sentidos e em todas as direções, ignorando, ou desprezando mesmo, todos os princípios da verdade e da responsabilidade, quando não da seriedade e da justiça, como mandaria o bom senso e a obrigação de olhar para quem sustenta toda essa máquina, por vezes maquiavélica.

Para mim era fundamental que todas as assessorias fossem chamadas à pedra sempre que, por negligência ou visão distorcida da verdade, deixassem que alguém para quem trabalham, cometesse mais que uma bronca por semana. Ainda que justificada com atestado médico justificativo de uma qualquer debilidade.

Uma por semana ainda vá lá. Justificada pela nossa tolerância natural perante ilustres assessorados e desconhecidos assessores.