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afonsonunes

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Confesso que já não percebo nada disto ao pegar nas minhas leituras diárias. Onde via rasgados elogios à coragem e à determinação dos governantes para sacar o país da tal coisa em que outros o puseram, vejo agora perplexidade e revolta.

Não sou grande, nem pequeno, intérprete destes fenómenos sociológicos, mas sinto que há pessoas que só começam a ter medo do fogo, quando já lhes queima as sobrancelhas. Enquanto vai queimando os outros, deixa arder que é preciso.

Este fogo, que só tem queimado a raia miúda, era tão útil e tão necessário que não tinha sequer discussão. Era preciso queimar o mato daninho, para salvar e proteger as árvores de grande porte e grandes fontes de rendimento.

Afinal, o fogo fugiu do mato e, agora, já pegou de raspão na ramagem baixa de algumas árvores de porte médio. Caiu o Carmo e a Trindade porque, de repente, tudo o que estava protegido, passou a estar em risco e os bombeiros ficaram sem água.

Sentem as grandes árvores que, estando o fogo nas árvores de médio porte e os bombeiros impotentes para atacar o fogo pelo seu lado, só lhes resta gritar e protestar contra toda esta situação que, de queimada necessária, passou a devastação intolerável.

Ele há coisas do arco-da-velha. Como as coisas mudam de um momento para o outro. Até parece aquele vento demoníaco que comanda a velocidade e a direção das chamas. E os que iniciaram as queimadas, fogem a sete pés na frente das labaredas.

É bem verdade que quem não sabe apagar as queimadas que faz, nunca devia ter fósforos à mão. E quem não sabe o que são línguas de fogo a sério, nunca devia usar a sua própria língua para falar do que não sabe, ou não quer saber.  

Afinal, em que ficamos? O fogo é necessário para todos, ou é um perigo para a vida de todos? Parece que alguém ainda não percebeu, que o fogo quando começa é como aquele feitiço que, por vezes, se vira contra o feiticeiro.  

 

 

 

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