Beijos e abraços
Estas linhas não são um grito de guerra para qualquer claque clubista, nem tão pouco uma cura para a violência verbal de grandes figuras políticas em campanha eleitoral. Isto é um apelo dramático a consensos urgentes.
O país está à beira de se tornar num enorme alfobre de estupidez, se continuar a gerar mais disputas e confrontos a cada dia que passa. Ninguém ignora que esta realidade é evidente, tanto na política como no futebol.
Em ambos os casos, o momento que atravessamos é crucial. Mais, ambos os casos têm de ter um ataque simultâneo e inteligente, senão misturam-se as coisas e lá vamos nós todos para a sopa dos pobres do Sporting.
É preciso ter em conta que os nossos tutores estão a perder a paciência por causa da falta de consensos. Eles querem consensos para largar a massa. E já há políticos que, sem massa, já querem os consensos que sempre atacaram.
Ninguém ignora que há dois anos era assim: ou nós ou eles. Agora já é assim: queremos uma comissão para nos salvarmos e damos-lhes a presidência. Isto é: os salvadores de ontem, imploram agora que os salvem. Muito coerentes.
Comecemos pela situação que se avizinha com o próximo Benfica-Porto. Não há dúvidas de que, se nada for feito, vai ser um arraial de pancadaria. E se o for, logo vai haver quem reclame que a capital deve ir já para o Porto.
Mas, dir-se-á, uma nova capital, requer um novo governo. Se isto não é misturar futebol com política, vou ali já volto. Isto, mostra que tem de se meter o futebol na ordem, antes mesmo de se mexer na política e nos políticos.
Assim, no domingo, antes do jogo na Luz, devem juntar-se no centro do estádio, os 22 jogadores, os treinadores, os 4 árbitros, os dois presidentes dos clubes, o chefe das forças de segurança e o chefe da polícia no local.
Como o estádio da Luz tem três anéis que vão estar repletos de gente, entre ela muitos furiosos, é necessário que esses anéis se transformem em alianças. Assim, todos de pé, devem seguir a rigor, o exemplo que vier do relvado.
É muita gente, é verdade. Mas, todos eles, além de proferirem um juramento breve prometendo todos ter juízo, devem selar esse juramento com abraços fraternos. Beijos e abraços em que todos fiquem amigos até ao fim da vida.
Depois deste cerimonial, lindo de morrer, o futebol estará pacificado. Não mais haverá aquelas guerras trauliteiras nos jogos, nem as pedradas nas estradas, nem os jogos florais de todos, antes e depois dos jogos.
Esta paz representa, por contágio, o fim das lutas norte/sul, Porto/Lisboa, vermelho/azul/verde e outras cores emergentes. Assim sendo, vai-se a ideia da mudança da capital e da necessidade de um novo governo.
Agora sim, podem começar a falar de um consenso muito alargado, indispensável à salvação do país. Podem pensar numa discussão séria e aberta sobre a maneira de nos livrarmos desta corda que nos enrolaram ao pescoço.
Atenção a um pormenor muito importante. Os doentinhos com clubite e partidarite, têm de ter um acompanhamento muito cuidado. É que todas as doenças têm recuperação. Recomenda-se pois, muito carinho para com eles.
Provavelmente, haverá todas as razões e mais uma, para se pensar que quem tem ideias destas, estará mais doentinho que ninguém. E da cabeça. Mas, cheio de boa vontade e espírito de colaboração, promete que vai curar-se.