Ul Rico e os seus
Tem-se falado muito num tal senhor Ul Rico que, ao que depreendi, passa a vida fechado dentro de um banco, mas tem um gosto especial em falar de pessoas que passam a vida à porta dos bancos, mas pelo lado de fora.
O senhor Ul Rico está farto da vida que leva a sugar dinheiro ao estado, até porque o faz dentro da legalidade. E é isso que o desmotiva. Ele preferia aquele ambiente de luta contra a insistência do estado em lhe tirar, em lugar de dar.
O senhor Ul Rico aprecia sobretudo a vida que leva quem não entra num banco, nem sequer numa simples casa onde possa passar a noite. Ele aprecia, muito especialmente, esse modo de vida. É uma sedução irresistível.
Estou mesmo convencido de que, mais dia, menos dia, ele vai trocar o seu banco onde já nada o estimula, pelo banco de um jardim qualquer, onde a vida se aguenta com uma perna às costas. É giro ter uma vida tão estimulante
E não é apenas o senhor UL Rico a ter essa fabulosa aspiração. É um sonho, e um enorme desejo, de muitos outros senhores Ul Ricos, que estão a surgir como cogumelos em bolorentos gabinetes onde se fabricam pobres em série.
Já cheguei a pensar que os bancos onde só entra dinheiro, deviam acabar de vez. Porque os pobres não têm nada que levar para lá. Como estão proibidos de ir lá buscar o que lhes fazia falta, resta-lhes o banco do jardim.
Alguém perguntará o que fazem esses pobres tendo como centro da sua atividade um banco de um jardim. É muito fácil de imaginar. Qualquer pobre sabe que é um prazer enorme esperar ter como companhia um senhor Ul Rico.