BOM PROVEITO
Este título não constitui um desejo, pois ele é simplesmente a constatação do resultado de uma longa viagem ao fim do mundo. No dizer de quem sabe da coisa, foi mesmo a mais proveitosa de entre tantas outras. Ainda bem.
O país precisa de ter muito bom proveito de tudo o que forem capaz de fazer todos os portugueses que trabalham muito e até daqueles que não fazem nada. Desde que estes não estraguem o trabalho daqueles. Obviamente.
Também ouvi dizer que foi a melhor viagem de sempre. Aí fiquei um bocadinho hesitante no que pensar de tanta fartura. Hesitante no que respeita à classificação de melhor e de qual o aspeto tão favoravelmente avaliado.
Pelo tempo que fez? Pela comodidade do avião e simpatia da tripulação? Pelo sossego e tranquilidade em que decorreu a estadia? Pelos bons hotéis? Pela qualidade e quantidade de negócios? Mas quem é que fez esses negócios?
Da resposta a estas perguntas depende a resposta a estas outras perguntas. Quantos viajantes obtiveram bom proveito? Quem obteve apenas prejuízos? Qual a capital que mais proveito deu aos visitantes: Bogotá ou Lima?
Também não sei se o proveito também se refere ao valor das prendas pessoais. Isto é, à diferença entre as prendas oferecidas e as recebidas. Nestas coisas, há sempre quem pense apenas no que recebe, pois as ofertas já estavam pagas.
Nem queria falar no melhor e mais proveitoso para o país. Obviamente que nem seria necessário. Pelo menos para mim. Acredito que os portugueses guardam sempre o melhor para o seu país. Embora haja algumas exceções.
O mais importante de tudo é que haja um português feliz, não só por ainda ter trabalho, mas também por saber que o seu trabalho o torna completamente realizado. Já não é mau. Quanto aos outros portugueses, paciência, é a vida.