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afonsonunes

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19 Jul, 2013

SEI MELHOR QUE ELE

 

 

Mandar ou não mandar eis a questão, para uns tantos loucos que não se veem a obedecer aos mais elementares princípios da democracia e também da liberdade do ser humano ter direito a exprimir a sua opinião.

Quando alguém diz, ‘sabem melhor que eu’, bem podia estar calado pois admite que está a dizer algo que, por se saber já, é inútil repeti-la. Logo, sabendo eu mais que ele, é um desperdício preocupar-se em informar-me.

Quem tem a pretensão de que manda no que eu digo, ou no que eu penso, julga que isso tem de ser igual ao que ele pensa. Logo, admite que manda no que eu digo, ou no que eu penso. São loucuras de quem manda.

Concordar, discordar, falar ou estar calado, são direitos dos que mandam, mas também dos que obedecem ou não obedecem, dos mais simples aos mais ilustres, desde que não andem fora da lei. Se a consciência faz lei.

Fazer o que determina a consciência não é sinal de que se está dentro da razão. Pode ser sinal de que se tem a consciência limpa ou turva. É como querer ter o exclusivo da interpretação do que é o interesse nacional.

Quem manda e tenta dizer quem deve e não deve mandar, está sempre seguro de que só ele manda e de que só ele tem consciência, bem como que só ele sabe o que interessa ao país: É o que ele diz e o que ele faz.

Diz que um não pode falar porque tem responsabilidades acrescidas, enquanto diz que outro não pode falar porque é irresponsável. Critica um que pressiona, mas aplaude a pressão de outro. E ele próprio pressiona.

Mas desconhece, ou ignora, a maior das pressões. A pressão do povo que se sente oprimido debaixo da pressão de tantos opressores. Essa pressão sim, devia constituir um problema moral, de consciência bem pesada.

Quando vejo um passarão, numa ilha deserta, com um passarinho na mão, mostrando os dentes todos, lembro-me do que sente um passarinho indefeso nas mãos que o seguram e apertam, sem saber que vão soltá-lo.

O povo está que nem passarinhos nas mãos de alguns passarões que lhe prometem soltura breve, mas nunca dizem quando. Lembro que li algures que há quem tenha agora uma casmurrice irresponsável e provocatória.

Sim, temos assistido agora a provocações enormes, como o filme das enormidades de há dois anos para cá. São provocações que ultrapassaram já a fase de mentiras para tolos. Disso, nós sabemos melhor que eles.

Depois de todas as provocações de ontem, ficou claro que hoje tinha de acabar o sonho de quem julga que pode mandar fazer o quer. De quem escolhe quem são os bons e os maus da fita. Afinal, a boa evolução foi má.