À ESPERA DA VERDADE
A verdade dos factos está mais que esclarecida, mais que divulgada e mais que conhecida. No entanto, eu e muita gente deste país de mentiras e de mentirosos, estamos à espera que alguém do governo nos minta.
Com efeito, estamos à espera que nos contem a verdade que tanto está a custar a encontrar. À espera da verdade que, como de costume de há dois anos para cá, anda escondida e aparece sempre depois de mascarada.
E então agora, com o inconveniente de estar dependente das comunicações entre Lisboa e a Manta Rota, ou até entre estas e a Coelha, se o assunto estiver envolvido em algum secreto compromisso nacional.
Temos de ser pacientes e aguardar, já que o vice todo-poderoso, ainda não conseguiu a tão desejada autonomia total para decidir estas pequenas coisas, que têm de circular obrigatoriamente entre o coelho e a coelha.
Até porque o fim do dia de hoje, como o fim de qualquer dia, só acontece lá para a meia-noite se, excecionalmente, não for prorrogado para amanhã, ou até para as calendas, com desculpas ao calendário.
No entanto, que todo o mundo fique descansado que, depois, mais tarde, alguém virá dizer que ninguém mentiu quanto ao dia, ou ao fim do dia. Há sempre uma verdade nova que o governo nos vai ensinando a aceitar.