PAZ À SUA ALMA
Há pessoas que quando morrem não deixam saudades à grande maioria daqueles com quem lidaram, com mais ou menos proximidade. Sobretudo, àqueles que estiveram dependentes da vida do defunto.
É um lugar-comum dizer que não se deseja a morte a ninguém. Mas é um facto que a morte parece não escolher os bons ou os maus. Acaba sempre por levar uns e outros, só que a prioridade não é conhecida.
Quem por cá vai ficando, com mais ou menos evidência, não deixa de sentir esses desaparecimentos sem a lembrança das atuações que, direta ou indiretamente, lhe vieram fazer da vida um prazer ou um suplício.
Mais que certa é a garantia de que os prazeres e os suplícios por que passaram os extintos, ou obrigaram outros a passar, não os levam consigo. Ficam por aí, como expiação da sentença que lhes é lida lá em cima.
Sentença que não tem em conta os elogios que os amigos sérios, ou nem por isso, hipocritamente, pretendem branquear tudo o que na sua vida foi contrário às mais elementares regras da solidariedade e da justiça social.
Um a um, todos vão tomando o seu lugar na fila de partida. Se tivessem consciência de que não conhecem a sua posição nessa fila, talvez se lembrassem mais dos outros e menos de si próprios. Paz à sua alma.