A MALINA DO COELHO
Já vai para dois anos e alguns meses que o nosso coelho tem a malina característica destes roedores. E o que mais nos preocupa é que, em vez de conseguirmos que ele melhore, vemos que cada vez está pior.
Bem nos esforçamos para que os remédios que deviam curar-lhe a malina, fossem tomados a preceito, como mandam as regras do folheto. Mas, vemos que ele tem outro folheto que o manda tomar tudo ao contrário.
Agora, é fácil imaginar um coelho infetado há mais de dois anos, a tomar os remédios que só agravam a malina. Já não parece um coelho, mas uma ratazana de esgoto, que já ninguém reconhece nem entende.
Quando se queixa, limita-se a falar, perdão, a guinchar, de uma coelheira limpa e saudável que já não existe. O mundo que ele criou à sua volta, é tão degenerativo como a sua malina e os seus guinchos inconsequentes.
Apesar do seu estado, que de coelho já não tem nada, continua a emitir uns sons vagos e caritativos, como que apelando a que vejam nele um coelho que vai vencer a malina, mesmo que infete todo o seu mundo.
Temos feito tudo para o curar e recuperar. Mas a sua obsessão é tal, que pretende ser um exemplo universal de como um coelho infetado com a malina, já sem cura, vai infetar o mundo todo para o salvar.