A língua
Nós, humanos, cada vez mais ouvimos gente a falar de um modo que constitui autênticas manifestações de violência e agressão, através de pequenos rancores, que não passam de pequenas ou grandes raivas e ódios que facilmente descem da mente até à boca, de onde irradiam em todas as direcções.
Felizmente há pessoas que dá gosto ouvir falar, tal o interesse dos temas que abordam e a simpatia que lhes sabem misturar através de um tom de voz ameno e de um sorriso permanente nos lábios.
A estas pessoas apetece dizer que não se calem, que falem muito, que não se cansem de dizer aquilo que nunca nos cansaremos de ouvir.
Que digam tudo o que nos leva a viver, antes que chegue o momento de morrer.
Há quem passe a vida a falar de fantasmas, porque nunca gostou da vida que não soube ou não pôde construir. E há quem, durante uma vida inteira, nunca se tenha apercebido que chegará o momento de pagar todos os erros e maldades que a morte julgará em última instância, sem apelo nem agravo.
Então, não restará tempo para falar da vida inútil ou da vida de excessos, porque a língua se prenderá definitivamente.