28 Jan, 2009
O José e o Zé
Está-se mesmo a ver que há uma grande diferença entre eles. É que o Zé vale apenas metade do José, ou não tivesse aquele somente duas letrinhas, enquanto o segundo se amanha com o dobro, ou seja, quatro letras. Bom seria que a diferença não fosse além dessa, sinal de que o Zé não estaria nada mal.
Mas, essa treta das letras não passa de fogo de vista, pois o José, que tem em S. Bento um patrono de se lhe tirar o chapéu, com todo o respeito, e uma residência onde não se nota a crise, nem a recessão, nem tão pouco as temperaturas de bater o dente, não se cansa de apregoar que é amigo do Zé, e até já lhe deu alguma coisinha. Vá lá.
O Zé não desarma, nem se conforma que o José não arregace as mangas até acima do cotovelo e mostre que é, como diz, um homem de acção. Action man!... O Zé não quer saber de inglesices, mas quer que de uma vez por todas venha de lá o murro na mesa e meta o país na ordem, essa sim, a melhor acção que ele pode praticar.
Meter o país na ordem é no bom sentido, não estejam já aí uns certos defensores do Zé, a gritar contra a repressão ou coisas do género, quando eles apenas enchem a boca com o nome dele, mais nada. Meter o país na ordem é dar ao Zé o que os Zézinhos recebem injustificadamente, ou deixam de pagar, como lhes compete.
Está mais que provado pelo Zé que, se o José for capaz de meter na ordem os meninos Zézinhos e os matulões Zézões, o país fica logo suficientemente equilibrado. Note-se que não é acabar com eles. Não, que eles também têm direito à vida e ao seu fatinho e gravatinha especiais, de qualidade e preço extra, a que o Zé nunca terá acesso. Mas, ele também se contenta com muito menos.
Há quem diga que o José vai acabar por espirrar, mais tarde ou mais cedo. Claro que quem não o pode ver, não quer que ele espirre. Quer é que ele desapareça e de vez. Mas, é voz corrente, que um espirro dele não significa gripe, não. Significa que a gripe pode andar à volta dele, mas nos narizes dos outros, que não são propriamente os Zés comuns.
Portanto, muita atenção ao José, porque ele já teimou que havia de espirrar. E, teimoso, ele é. Às vezes anda um pouco ao retardador, mas também sabe que, mesmo assim, ainda anda na frente do pelotão, porque está habituado às maratonas. Mais concretamente, às meias maratonas. Não se percebe o motivo porque dizem que ele anda sempre atrasado, quando os atrasos de quem diz isso, são incomparavelmente maiores.
Porém, quem não é atrasado é o Zé que, por mais que digam, lá vai aguentando até não poder mais e, então, se o José não ata nem desata, lá se vai o poder, não se sabe para onde. É claro que o nó não está fácil de desatar mas, com calma, às vezes com calma demais, algum deles vai ter que arregaçar as mangas.
Vamos ver se é o Zé, ou o José. Já não deve faltar muito para se saber.