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afonsonunes

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30 Jan, 2009

O meu desafio

Desafiar é uma atitude de coragem inaudita, ou não demonstre uma força e uma certeza de vitória que só está ao alcance dos grandes vultos de qualquer actividade nobre. Um desafio é sempre estimulante, tanto para quem desafia, como para quem já afia o dente, sentado no sofá, à espera de ver esse grande desafio transformado em espectáculo em directo, a duas cores, obviamente, se possível, num plasma de cento e tal centímetros.

Como sempre, que me lembre, é quem está em baixo que desafia quem está em cima. Bom, esta coisa da posição, penso que não irá além daquilo que, precisamente, quero dizer. E o que eu quero dizer é que, por exemplo, a mim, ninguém me desafia. Já o contrário, é perfeitamente normal. Eu posso desafiar quem eu quiser.
Agora, temos de ser bem claros, quem está em cima, nunca aceitou, que me lembre, qualquer desafio vindo de quem está em baixo. Mais uma razão para eu desafiar quem me apetecer, ainda que seja na esperança vã de que a tradição, ou a predisposição normal de quem é desafiado, se altere.
É com esse espírito aberto e sincero que ouso desafiar uma senhora repleta de qualidades, a aceitar um debate comigo, onde ela quiser, desde que seja eu a escolher o tema do debate. Mas, à partida, esclareço que nunca iria escolher o tema da economia, pois nunca me sentiria à vontade a discutir o dinheiro que ela diz que não temos. Se não temos, pronto, não há nada para debater.
Contudo, não é fácil encontrar um tema à minha altura e que, por não ser o forte dela, me dê alguma possibilidade de ganhar o debate, senão eu, desafiante, ficaria coberto de ridículo. O problema está em que não consigo vislumbrar um tema que me dê a confiança segura de uma vitória certa.
Já pensei que a senhora não gosta de obras, principalmente, de grandes obras logo, a engenharia seria um bom tema para esse debate crucial para a minha promoção social, devido à posição relevante da personalidade desafiada. O pior é que, se ela não gosta nada de obras, eu não percebo nada de engenharia. Só se lhe propusesse que eu debatia a forma como arranjava o dinheiro, que ela diz que não há, e ela debatia como fazer os estudos para a execução dessas obras.
Talvez desse um debate interessante. É sempre muito estimulante ouvir duas pessoas a falar sobre assuntos que dominam perfeitamente, ainda que não falem da mesma coisa. Toda a gente sabe que os debates em que há apenas um assunto, se torna muito fastidioso, pois cada um dos intervenientes está sempre a procurar ser mais modesto que o outro, como se ambos pretendessem ser o elemento que parte de baixo.
Parece que já tenho tema para o debate que vou pedir, (ou exigir?) à senhora que está em cima. É verdade que eu não tenho dinheiro para nada, mas ela também não tem os estudos necessários às obras. Haverá melhor desafio?