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afonsonunes

afonsonunes

12 Fev, 2009

O voto do vigário

Confesso que não sou grande simpatizante do casamento entre pessoas do mesmo sexo, talvez porque nunca me veria nessa situação. Mas, uma coisa, são os meus gostos e as minhas preferências, outra coisa bem diferente, é não confundi-los com os das outras pessoas, que têm o mesmo direito a tê-los.

Posto isto, vamos ao voto do vigário, perdão, ao voto que se faz na missa ou até no confessionário, onde as eleições deviam ser outras bem diferentes, bem como os comícios, que deviam ser completamente abolidos dos púlpitos, em benefício de sermões à imagem de Cristo e das suas pregações.
Que certos padres, vigários ou bispos tentem convencer os fiéis a segui-los na religião que lhes compete promover, melhor, pregar, nada a opor em nome da liberdade religiosa. Que tentem enveredar pelo caminho de seduzir fiéis a aderirem às suas convicções extra religiosas, aí já me parece, não só abusivo, como uma facadinha em outros padres, vigários ou bispos, que têm convicções políticas diametralmente opostas. Que todos sabemos que os há.
Mas é também uma traiçãozinha a tantos católicos, praticantes e não praticantes, que não pensam como eles, mas têm fé na religião a que aderiram conscientemente. Talvez vamos encontrar nestas e em outras incoerências, para não lhes chamar nada pior, o crescente desinteresse pela causa religiosa. Mas esses são outros votos.
Parecem agora constituir-se em partido político para convencer eleitores a votar nas suas orientações ideológicas, como se de pregações religiosas se tratasse. Não queiram fazer crer que estão a defender verdades em nome de Cristo que, tanto quanto interpreto, defendeu verdades bem diferentes de algumas das que eles defendem hoje.
Até em política há muitos conceitos de verdade, como temos verificado, quanto mais numa religião onde, actualmente, e infelizmente, vemos a toda a hora que são os mais pobres a contribuir com o seu sacrifício, para sustentar tantas opulências que deviam e podiam ser substituídas por benefícios aos pobres de que tanto falam, mas que tanto e tantas vezes ignoram.
Querem fazer crer que é dos seus cofres que saem todas as beneficências que se praticam na sua área de influência e que, indiscutivelmente, fazem falta ao país. Mas, na verdade, quem as paga na quase totalidade, é o estado através de protocolos, acordos e outros meios de lhes fazer chegar o dinheiro, que acham sempre pouco. O restante, vem dos bolsos de quem a eles recorre, que tem de pagar bem para ser acolhido ou servido.
Quanto aos votos, talvez não consigam convencer muitos eleitores com tais argumentos. É que os votantes já acreditam muito pouco nos próprios políticos, que não pregam religião, quanto mais em vigários que querem pregar política. Apesar de se saber que já disseram, que não disseram, aquilo que realmente disseram.
Quanto a imoralidades, convinha que não esquecessem as que tiveram no seu seio, se é que não têm ainda. Estou a lembrar-me da pedofilia. Padres, vigários e bispos. Isso será melhor ou pior que os casamentos que agora tanto contestam? Só sei que a igreja e os fiéis não acabaram, por essa vergonha ter acontecido.
Certamente que os partidos que eles detestam, também não vão acabar, pois vão continuar a ganhar e a perder eleições. Mas não por causa dos votos dos vigários.

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