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afonsonunes

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Já estava farto de ouvir dizer que a campanha para as europeias havia sido uma lástima. Que ninguém havia dito nada de novo, nem nada de jeito. Que apenas tinha havido discussão sobre questões relacionadas com roupa suja e afins.
Eis que, entretanto, se começa a dizer que alguém havia feito uma grande campanha, mesmo uma campanha extraordinária. Talvez eu tenha ouvido mal. É que, não me admiraria nada que se quisesse dizer extra ordinária, tendo em conta as opiniões correntes, ao longo dos dias anteriores.
Também ouvi dizer muitas vezes que, a agora grande vencedora, não tinha condições para se aguentar até Outubro. Que não tinha propostas, para além de não acertar no ritmo de dança com a comunicação social. Que os barões andavam em manobras. Que tirar a maioria absoluta aos outros, já seria uma grande vitória.
Ainda ouvi dizer que há umas tantas famílias de corruptos e não só, a contas com a justiça. Que há quem queira as famílias políticas abaixo das outras. Estas confusões de famílias, dão-me cá uma embirração que nem queiram saber. É que, assim, acabei por não saber se havia de assinar por cima ou por baixo, e de que famílias.
Pois, eu sei que tudo isso já é passado e que, por acaso, até correu tudo muito bem. A vida tem destas coisas. Quando a vida parece perdida, eis que tudo renasce das cinzas e tudo fica ouro sobre azul. Até algumas famílias ficam a parecer aquilo que não são. No caso, não azuis, mas laranjas. Enfim, como alguém de cabeça baixa já disse - é a vida.
Tudo isto, para dizer que tudo muda num instante. Os corruptos mudam de família. Os inaptos passam a heróis. Os infelizes passam à felicidade suprema. Os malandros descem, finalmente, às profundezas do inferno.
Pelo que tenho visto e ouvido à minha volta, parece que tudo isto já aconteceu.
Agora, à nossa frente, temos um futuro risonho, com um único senão. Vamos ter de pagar a conta da mudança. Pois, é preciso meter obras em casa, porque os velhos inquilinos deixaram tudo escavacado. É preciso pagar as dívidas que eles deixaram, mesmo dizendo que já as lá encontraram. É preciso pintar o país quase todo, porque ele, realmente, mudou de cor.
Sim, realmente é preciso pagar muita coisa que vai ser necessário fazer mas, isso não tem importância absolutamente nenhuma. Nem sequer faz falta o cómodo cartão de crédito, ou o cheque com a importância em branco.
É fácil de explicar. Se os novos inquilinos se aguentarem muito tempo, cá estamos nós para pagar com língua de palmo. Se, por qualquer infelicidade inesperada, a estadia for de curta duração, quem vier a seguir que pague a conta.
Alguém se admira? Alguém tem dúvidas? Pois olhe para trás, mas mesmo muito para trás, e diga quando é que não foi assim.
É caso para dizer – coisas do arco-da-velha.