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afonsonunes

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28 Jul, 2009

A única promessa

 

Parece que está na moda dizer-se que nem podem ouvir falar de promessas, como se isso fosse uma coisa horrorosa que põe os cabelos em pé. Não percebo essa espécie de aberração, principalmente, porque toda a gente, logo de pequenino, promete à mamã e ao papá, portar-se como gente grande, e depois é o que se sabe.
Aliás, gostava de perguntar a quem não suporta promessas, se foi capaz de chegar à idade que tem hoje, sem nunca prometer nada a ninguém. E, se for capaz de dizer que sim, então é porque nunca prometeu amar ninguém, nem nunca prometeu a si próprio, a satisfação de um simples desejo de ser feliz.
Vieram-me estas reflexões ao pensamento por causa dos comportamentos dele e dela, completamente antagónicos, como se isso fosse condição de êxito para qualquer um deles. É verdade que ele e ela tinham de ser diferentes, mas daí até ao exagero de um deles esperar que o outro diga que hoje é domingo, para logo garantir que não senhor, que hoje é sábado, isto é demais.
É o mesmo em relação a promessas. Ele diz que é altura de elas saírem cá para fora, para que se conheçam as tais diferenças entre eles. Ela diz que não faz promessas que não possa cumprir. O mesmo é dizer que não faz promessa nenhuma, pois cumprir ou não cumprir, é para saber depois, no acto da concretização, e não no momento de a fazer. Senão, não seria uma promessa.
É por isso que as promessas têm o condão de fazer sonhar quem as faz, mas também quem as ouve, ao passo que a ausência delas, desresponsabiliza quem não sabe o que fazer e não assume os riscos de fazer aquilo que lhe compete. É evidente que assim, não pode entusiasmar quem quer ouvir o que lhe podem dar.
Esta guerra das promessas entre ele e ela, ganhou foros de muita mentira. E agora não vou entrar no campo das que foram cumpridas ou não, porque já o fiz em outras ocasiões. Mas vou dizer muito claramente que não me parece normal, não fazer promessa nenhuma, querendo com isso dizer que a vergonha é fazer promessas.  
Para mim, a maior vergonha é dizer que ele não fez nada e depois insurgir-se contra tudo aquilo que ele fez. A maior vergonha é rasgar a folha do que ele fez e depois andar a apanhar os bocadinhos de papel, para ver o que pode aproveitar do que lá estava escrito. Logo, a maior vergonha é precisar da folha que rasgou, para dizer que vai fazer alguma coisa.
Isto não é um elogio ao que ele fez, nem tão pouco a concordância com aquilo que ele diz que quer fazer. Muito menos, a minha satisfação, principalmente, por todo o tempo que se perdeu, sem que estivesse feito, aquilo que já devia estar pronto. Mas, também não é, do mesmo modo, o tudo ou nada de quem não vê, ou não quer ver mesmo nada.
Mas é, sem dúvida, a minha estranheza pelo facto de ela não querer fazer nenhuma promessa, e acabar por fazer apenas uma, e que é continuar a dizer que não, a tudo aquilo que ele disser que sim, e a dizer que sim, àquilo que ele disser que não.
Por mim, depreendo que o programa dela já está feito. Basta só esperar que o dele vá saindo. Depois, se ela ganhar, o programa continua. Se ele diz que sim, pois eu, obviamente, digo que não.