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afonsonunes

afonsonunes

17 Out, 2009

Quatro anos, não

 

Pela parte que me toca, estou perfeitamente alinhado com todos aqueles que não acreditam nessa história de termos de passar quatro monótonos anos, até vir uma nova oportunidade de expandir a alma e desopilar o fígado, com todas as manifestações cívicas, sobretudo folclóricas, que alguns pândegos nos oferecem com toda a amizade e simpatia.
Quatro anos é muito tempo para termos o país e as suas gentes acomodadas ao sofá, em frente de televisores macarrónicos que só apanham desenhos animados ou necrologia diária que vai pelo mundo fora. Ainda que nos desenhos animados apareçam umas caras conhecidas da política, agora já transformadas em gatafunhos.
Toda a gente anda a falar em quatro anos, apesar de toda essa gente estar certa de que não vão ser mesmo quatro anos. Há quem fale em dois e há quem deseje ardentemente que nem cheguem a ser dois meses. À primeira vista até parece que isto não devia ser assim mas, se pensarmos bem, assim é que está fixe.
Há sempre a possibilidade de sentirmos uma lufada de ar fresco, após um domingo calmo de despejo em urna, antecedido de um sábado cheio de reflexão e silêncio que, por sua vez, será antecedido de uma animação sem precedentes, mas apenas e rigorosamente, durante quinze dias. Também não podia ser sempre, caramba.
Essa lufada de ar fresco que, de maneira nenhuma vai chegar nos próximos tempos, muito menos nos quatro anos que se seguem (ainda há optimistas que acreditam nisso), essa lufada de ar fresco tem todas as condições para nos limpar o suor da fronte e o calor que nos abrasa a alma.
É claro que há sempre os pessimistas que estão mais inclinados para uma ‘bufada’ de ar quente e insonoro, embora não inodoro, que até pode chegar já nos próximos dias, uma vez que o tempo continua a ser de Verão fora de época e de campanha eleitoral fora do calendário.
Pois, mas segundo as previsões ‘mentirológicas’ mais realistas, essa ‘bufada’ de ar quente e seco, pode prolongar-se por uma boa parte do Inverno, isto, dando de barato que o resto do Outono não será lufada nem ‘bufada’, pois anda muita indecisão nas altas camadas de uma tempestade gélida centrada um pouco à direita.
Por tudo isso, não valia a pena andar tanta gente a falar em quatro anos para aqui, quatro anos para ali, quando sabemos perfeitamente, que todos os dias se formam cristas anti-ciclónicas ou tempestades tropicais e, no entanto, com mais ou menos estragos, lá se vai sobrevivendo.
Agora, isso não quer dizer que estejamos felizes por haver uma possibilidade de ficarmos quatro anos a olhar para o céu, que para uns está cinzento de borrasca, enquanto para outros está azul como a cidade tripeira. Portanto, calma aí.
Entretanto, ainda vou consultar o meu bruxo para ver se ele dá uma para a caixa.