Acho muito mal
Acabo de ver uma notícia que me deixou estupefacto. Marcelo herdou um Mercedes de Cavaco com o valor quase irrisório de mais de uma centena de milhares de euros. Vá lá que Cavaco não quis ficar com ele. Mas Marcelo também não o quis. Estranha esta forma de recusar o que é bom.
E vai daí, doou-o ao primeiro-ministro que resolveu aceitá-lo para não fazer desfeita ao presidente. Costa podia tê-lo oferecido a Centeno, que mais não fosse pelo seu valor: mais de uma centena. Com esta sucessão de possíveis doações, o Mercedes até podia vir parar às minhas mãos.
Bastava que toda a gente o recusasse até ser posto à minha disposição. Tenho a certeza que ficaria bem entregue, pois eu nunca o recusaria. Que mais não fosse para o ir colocar no prego. Única maneira de recuperar tudo o que me levaram. Não quero dizer tudo o que me roubaram.
Era bem possível que ainda sobrassem uns trocos. Por exemplo, para ajudar os heróis da direita que estão tesos de verdade e não têm como pagar sequer os juros dos milhões que sacaram da banca ou do governo. Talvez desse ainda uma ajuda àqueles desgraçadinhos que viviam de expedientes e falcatruas que o Costa fez questão de dificultar.
E se ainda sobrasse alguma coisa do valioso Mercedes, fazia questão de pagar os impostos que Passos não pagou. E ainda entregar ao estado uma ajuda para minimizar os prejuízos das comissões dos submarinos que continuam nos mistérios insondáveis de políticos que transpiram seriedade.
Por falar em seriedade. Começo a topar pessoas muito sérias, grandes admiradoras da seriedade de Marcelo quando comentador, que começam agora a considerá-lo conivente com a suposta falta de seriedade de Costa. Esta coisa da seriedade tem muito que se lhe diga. E Marcelo parece que já escolheu com quem a deve partilhar a sua.
Contudo, não me escolheu a mim para ser o contemplado com o Mercedes de luxo. Compreendo perfeitamente, pois a minha generosidade não se compara com a dele. Eu apenas posso dar música neste concerto. Marcelo pode doar o bom Mercedes mas, sobretudo, pode dar lições de borla sobre o que acha bem e o que outros acham mal.