Amigos
Ter ou não ter amigos, eis a questão. Dá a sensação de que toda a gente adora ter muitos e bons amigos. Todavia, isso pode tornar-se muito perigoso, principalmente, se os nossos amigos gostarem de mostrar pilim.
Cuidado, pois, com os amigos que gostam de exibir bom gosto no que comem, no que vestem e no que gastam de mãos largas, em geral. Se tal der no goto a alguém roído de inveja, é sabido que terá a vida complicada.
Depois, por uma atração irresistível, todos os seus amigos são chamados à pedra. Convém dizer que há exceções ou, dependendo dos amigos, os incómodos são muito diferentes. Pelo sim, pelo não, já não tenho amigos.
Ainda tenho uma data de conhecidos, dos quais pouco mais sei que um ou dois nomes. Mas nada de muita proximidade, não vá o diabo pegar-se comigo e levar-me uns tempos para um cantinho onde não entra o sol.
Já dei comigo a pensar nas grandes amizades que andam todos os dias nas bocas do mundo. Do nosso mundo, que é o nosso pequeno grande país. E fico com muito receio da sorte dos nossos, presidente e primeiro-ministro.
Grandes amigos, grandes semelhanças nos pontos de vista. Marcelo e Costa vão acabar por ter de explicar muito bem explicadinho o motivo de tamanha amizade. Senão, ficam indícios de que há coisas escondidas.
Obviamente que não lhes acontecerá nada de mal. Como não aconteceu a outros igualmente detentores de altos cargos, com raríssimas exceções. Há sempre mexilhões que se mexem melhor na parte abrigada da rocha.
Ninguém falou da intensa amizade entre Cavaco e Passos, com Portas de permeio. Mas, com este, tudo foi diferente. Porque nunca houve um indício sequer. Foram amizades sãs, irrepreensíveis. E como o país brilhou!
Os indícios são fenómenos que, em muitos casos, podem comparar-se a fogos fátuos. Veem-se como relâmpagos e somem-se como eles. Com uma diferença: o silêncio de uns e o barulho de outros. Ai os amigos!…