As pessoas ouvem coisas
Vá lá que desta vez a senhora Coelho, candidata à Câmara Municipal de Lisboa, ao dizer que 'às vezes ouço pessoas que têm medo de contrariar o Partido Socialista', não disse que os portugueses têm medo de ser enganados pelo PS. Obviamente que teria de acrescentar, muito menos do que foram enganados pela 'coelhada'.
Vá lá que até foi muito comedida, tendo em conta que só ouviu pessoas, sem dizer quantas, quando estamos habituados a ouvir outras barbaridades bem piores, e envolvendo nelas todos os portugueses. E esta senhora Coelho até consegue superar a senhora Assunção, sua colega de competição na corrida à referida autarquia.
Não vou dizer que entre elas venha o diabo e escolha, porque o diabo já veio e não levou nenhuma delas. Não, não é para onde 'algumas pessoas' pode estar a pensar. O diabo não levou nenhuma delas para um sítio mais agradável que esta Lisboa de que elas não gostam por causa do PS.
Já o seu homónimo Coelho, seu patrão e admirador, disse que Costa é parecido com Trump. Está visto que, para coelhos, a linguagem utilizada quando se dirigem a quem não tem nada a ver com eles, em termos de seriedade e respeito que deve existir entre todas as pessoas e não apenas em 'algumas pessoas', é apenas um exercício de um vale tudo que só os classifica na perfeição.
Aliás, o partido a que pertencem ao mais alto nível que, por sinal, se situa muito abaixo do nível normal, conta com mais parceiros desse jaez. É evidente que no partido deles há muita gente que não é como eles. Mas, sempre me pareceu que quando o chefe de família não dá bons exemplos, a família fica contaminada.
É normal que os partidos lutem pelos seus ideais, com toda a firmeza, mas com armas decentes e argumentos sérios. Lutar assim, é apenas passear a língua pelas fontes onde a água limpa foi substituida por uma mistura de veneno e mentiras que só são aceites por quem se excita com espetáculos indecorosos.