MAIS UMA VEZ
Há quem diga que os portugueses são uns ignorantes. Isto, quando os portugueses lhes trocam as voltas e fazem o contrário daquilo que eles queriam. Ora, ignorantes, são todos aqueles que não entendem o povo.
Eu, por exemplo, não aprendo nada com quem me quer convencer que um calote é uma luta político-partidária e que um caloteiro é um governante perfeito. Ou dizer que, demissão, é o ‘era o que faltava’.
Isto vem de uns portugueses que têm uma gramática ‘especial rasteira’, que é como quem diz, exemplarmente erudita. São, com certeza, cidadãos com uma cultura perfeita, embora possa parecer que são uns imperfeitos.
Começo a perceber que estamos a entrar na época em que temos de dar a volta ao texto, se queremos estar na berra. Hoje, não compensa dizermos que somos homens e mulheres sérios, honrados e com palavra. Tolices.
Hoje, quem está na vanguarda da sociedade tem de fugir aos impostos até que eles prescrevam. Tem fugir da justiça perdendo a memória. Tem de ter um padrinho que valorize estas qualidades. Só assim, terá futuro.
No entanto, convém que não se esqueçam de que a celebridade tem o seu preço. E hoje, por todo o país houve portugueses que estiveram na rua. E as celebridades não tiveram descanso. A culpa foi da antiga honradez.
Há portugueses de primeira que abusam dos portugueses de segunda, de terceira e por aí adiante. Apenas e só, porque os de primeira sabem demais sobre fazer e esconder, e pensam que os outros sabem de menos.
No entanto, ser aldrabão, caloteiro ou chico-esperto, ainda não é o que mais indigna os pretensos ignorantes. É a estúpida maneira de pensar que os outros são ainda mais estúpidos para não lhes entender as aldrabices.