O PRIMEIRO EX-PRIMEIRO
Desconfio que o ex-primeiro podia não ter sido o primeiro. Mais, suspeito que entre os que o foram antes e depois dele, podiam tê-lo precedido nessa condição. É verdade que são apenas desconfianças e suspeitas.
Mas, tenho o mesmo direito a tê-las, tal como as têm os procuradores que não há meio de dizerem o que já encontraram. Se eles andam à procura de coisas desde há muitos, muitos anos, eu já as encontrei há que tempos.
Desconfio que também há os que não procuraram nada e já sabem tudo e mais alguma coisa. Até sabem o que os procuradores nunca encontraram. E, obviamente, suspeito que esses são apenas e simplesmente, inventores.
O país está cheio de inventores desses, que terminam os seus inventos com a suspeita de que descobriram todas as verdades. E nem sequer desconfiam que, afinal, fabricam ‘inventonas’ de mentes perturbadas.
Com o superior critério de, procurando, suspeitando e inventando, assim se chega à conclusão de que o ex-primeiro, tinha mesmo de ser o primeiro. Se o critério fosse outro, este não seria o primeiro nem o último.
Ou, seguindo apenas o critério de, procurando, em perfeita igualdade de circunstâncias, um ou outro ex diferente, teria sido o primeiro. Porque o que dizem que fez o ex-primeiro em questão, é, e foi feito por milhentos.
E nem era preciso recorrer a suspeitas e invenções para encher as prisões, ainda que libertassem todos os que lá estão agora. Bastava procurar, mas procurar a sério, para encontrar um mundo de crimes e de criminosos.
Desconfio, mais, suspeito, que até entre os que procuram, haveria surpresas de encher jornais sérios. Sim, porque os outros fechariam para não terem que entrar numa contradança à séria. Já estou a ver a razia.
No meio de tudo isso, não haveria histórias mal contadas de ex, de atuais, de primeiras, segundas e terceiras figuras, bem como de tantos figurantes que nem com um mortal de costas conseguiriam limpar as suas línguas.