O QUINTO DOS INFERNOS
O quinto dos infernos é um lugar onde eu nunca quereria estar. Mas Portugal está lá, logo, eu e todos os portugueses não podemos fugir de dele tão depressa. Mesmo com a boa vontade de um PR satisfeito e feliz.
Pois é verdade, segundo nos diz o PR de lá, de muito longe, o país respira frescura, desenvolvimento, saúde total e confiança. É um país colorido de verde da esperança, de azul da sua doença e vermelho do seu desespero.
Em suma, um país multicolor, multirracial e multinacional. Nem somos de cá nem de lá. Simplesmente, já fomos. Ao que dizem, só nos últimos cinco anos já foram duzentos mil. Que felizmente, fizeram baixar o desemprego.
É evidente que não foi por isso que Portugal é o quinto de trinta e oito. Não é bom? Não é uma honra? Em alguma coisa havíamos de ser bons. De estar entre os melhores. Não interessa em quê. Estamos em quinto.
Portugal, graças à ação do PR no estrangeiro, tem feito milagrosos progressos em quase todos os rankings. Em intervenções felizes, frutíferas e prodigiosas, como as dos últimos dias nos confins desta Europa prodígio.
Aliás, Cavaco e Passos bem se têm esforçado por colocar essa Europa toda sintonizada com Portugal. Só a teimosia dela o tem impedido. É essa teimosia que tem como resultado que a Grécia não seja tão boa como nós.
Os nossos salvadores têm toda a razão em lamentarem esta situação grega e europeia. Afinal, quem está mal por que quer, não se lhe reza pela alma. A Grécia e a Europa invejam-nos. Mas, o orgulho afasta-os de nós.
Portugal está no céu. Eles estão no quinto dos infernos. Chego a pensar que eles têm uma espécie de dor de cotovelo por nós estarmos em quinto. Sim, é verdade, na corrupção. Mas estamos bem. E eles estão mal.
É com aquele orgulho de português claro e conciso que assisto ao sucesso provocado, no bom sentido, por homens que sabem distinguir-se lá fora, pelo que dizem por lá e por aquilo que não querem fazer cá dentro.