Os amareis
Poderia ter escrito no título, ‘Os amarelos’, mas achei mais simpático utilizar um plural de amarelo diferente, para uma ocasião tão especial como aquela que se está a viver hoje, frente à AR. Esperemos que não haja batatada, como já houve ali em tantas outras ocasiões.
A organização do evento espera trinta e seis mil manifestantes. Atendendo a que os bispos portugueses apoiam a liberdade de escolha, é natural que muita gente vá dar para esse peditório. Alguns, convencidos de que vão dar uma ‘esmolinha´ ao movimento.
Já que o estado corta uns milhões nas escolas deles, ou nas dos seus amigos, os fiéis, sempre dispostos a ajudar boas causas, devem vestir essa camisola e levar a família toda até Lisboa. Quem não tiver carro próprio, alguém fará o favor de dar uma caridosa boleia.
É preciso que ninguém crente e perdido de amores pelo amarelo, não fique em casa. A organização não deixará que ninguém se arrependa de ter perdido um domingo, dia de descanso, mesmo que não tenha podido ir à missa, devido à grande deslocação. No entanto, levem a merenda.
Como normalmente se trata de gente simples, com poucos recursos, pode ser que venha a ser posteriormente compensada com alguns dos mimos que tanto atraem os filhos, netos, primos e primas que ali matriculam os seus parentes e os dos seus amigos.
Penso que será de louvar que a manifestação comece com uma fervorosa oração para que o governo oiça tudo o que ali se diz e termine com uma prece de ação de graças para que o regresso a casa seja o fim feliz de uma peregrinação em que a fé e os sacrifícios de tantos fieis não seja em vão.
Quanto aos organizadores, bispos e autores de pareceres favoráveis, têm fundadas esperanças de que o governo e o presidente assegurarão que não falte dinheiro para tudo o que pretendem. Aliás, como tem acontecido. Porque gastar não custa nada a quem nem tem que o pedir.