Os contadores de mortos
Segundo as crónicas dos crónicos que não desistem de arranjar argumentos para destabilizar a governação, os contadores de mortos são, ou foram, o primeiro-ministro António Costa e a ministra da Administração Interna Constança Urbano de Sousa.
Ora, Passos Coelho e Assunção Cristas, que tanto se têm preocupado com as contagens das vítimas de Pedrógão Grande, deviam meter mãos à obra e irem para o terreno fazer as suas contagens. Até porque devem ter por lá preciosos colaboradores.
São estes portanto os contadores de mortos mais credíveis e mais preparados para o fazer, até porque se lhes não reconhece qualquer atividade mais útil ao país, em termos de ideias e obras para que se resolvam rapidamente todos os males inerentes.
Poderiam assim fornecer a lista de mortos,com nomes, moradas, sexo e profissões de acordo com os seus gostos e curiosidades. E obviamente que não cometeriam o crime de desobediência quanto ao segredo de justiça, imposto pelo Ministério Público.
Nem tão pouco, tentariam forçar o primeiro-ministro a quebrar o segredo de justiça, talvez na esperança de que a PGR e o MP se vissem na obrigação de o prender preventivamente por desobediência à justiça. Não estava mal pensado, obviamente.
Tudo porque o país não tem mais nada em que pensar senão nas insuficiências que alegam na contagem de mortos, por parte das autoridades que as efetuaram. Que para Passos e Cristas tinha de ser o governo, forçosamente, para manter a única via de ataque.
Só assim conseguem manter ativo o folhetim das demissões, das incompetências, das irresponsabilidades, dos prazos de 24 horas, da apresentação de uma moção de censura ao governo, mesmo sabendo que de tudo isto apenas sairá o ridículo que já os cobre.
Entretanto, o país está a arder, com satisfações camufladamente contidas de alguns, talvez até com a ajuda de incendiários que não devem ter descanso, tal a sua incansável atividade. Pena é que não se dê, ou não se possa dar, prioridade absoluta a estas investigações.