QUEM NÃO SABE SER CAIXEIRO
Tenho a certeza que eu mesmo daria um bom caixeiro, com a vantagem de me contentar com um salário muito inferior ao do primeiro-ministro. Aliás, como manda a lei dos empregos do estado.
Na caixa, com certeza, o dinheiro abunda o suficiente para que todos aqueles que vão mandar no pilim dos depositantes, tenham regime de exceção. Boa parte dele passa a ser deles no fim de cada mês.
Quem não sabe ser caixeiro fecha a loja. Mas esta não fecha, ao contrário de tantas outras. A caixa, com certeza, tem de ter bons caixeiros. Mas quantos bons caixeiros tiveram já de emigrar?
A gente olha para os que já passaram por lá e fica a pensar que, afinal, por menos de metade do salário se arranjavam caixeiros iguais ou melhores que aqueles. E estes de agora não serão diferentes.
A caixa, com certeza, é uma espécie de seleção. Os selecionados não são caixeiros, mas também havia outros. Cada português é um selecionador, quer a escolher jogadores, quer a escolher caixeiros.
Não pode deixar de concluir-se que o grande problema está em haver só um selecionador para todas as matérias. E, pelos vistos, vota sempre nos mais caros. Como se não pudesse poupar uns cobres.
Anda tudo dependente de ajustes diretos. Quem manda são os empresários, que compram e vendem, ao mesmo tempo que avaliam as qualidades dos seus candidatos a ídolos. Aqui não há presidentes.
Agora, sem dúvida, há quem saiba ser caixeiro. Há um que diz que as pessoas são iguais a mercadorias e capitais. Bom selecionador. E os seus selecionados apoiam. Boas mercadorias. Ou caixeiros sem loja.